segunda-feira, 11 de março de 2013

Régis Bernardo de Souza

O professor Régis, fundador do Externato Kennedy, foi um marco na educação de Aracati. Nasceu no dia 06 de janeiro de 1940. Filho de Antônio Bernardo de Souza e da professora Ângela Clotilde (Angelita), nasceu no dia 06 de janeiro de 1940. Régis Bernardo de Souza nasceu no dia 06 de janeiro de 1940. Filho do Funcionário da Mesa de Rendas Federal Antônio Bernardo de Souza e da professora Ângela Clotilde de Souza (Dona Angelita). Foi o mais jovem de uma família de 11 filhos, sendo duas irmãs por laços maternos e uma irmã por parte de pai. Três irmãos faleceram ainda pequenos. Nasceu em Aracati – Ceará, terra que o acolheu durante sua morada terrestre. Nesta cidade o menino Régis cresceu recebendo a formação de uma família de educadores. Francisca Clotilde, sua avó foi uma das primeiras professoras de Aracati, além de escritora, poeta e dramaturga, e seus tios, Antonietta Clotilde e Aristóteles Bezerra também professores, mantinham uma atuante vida literária, a exemplo de sua genitora. Sua mãe destacou-se como educadora na cidade trabalhando inicialmente no Externato Santa Clotilde (fundado por Francisca Clotilde), onde começou a lecionar aos 14 anos de idade e, em seguida, na Colônia de Pescadores de Aracati. Crescendo no seio de uma família católica identificou-se de imediato com a filosofia de Marcelino Champagnat, difundida na cidade, através dos Irmãos Maristas. Deixou transparecer o desejo de ser um Irmão Marista, mas o amor à família e à terra natal foi suficiente para por fim ao intento. Foi neste ambiente como aluno e, mais tarde, como primeiro professor leigo da referida Instituição que iniciou sua jornada de educador. Assume as primeiras turmas no dia 01 de março de 1959. Nesta Instituição chega a exercer diversas funções: professor, tesoureiro, secretário e conselheiro. Sua competência e ética profissional levam-no a receber convites de outros órgãos ligados à educação no município. De 1965 a 1972 trabalhou na Escola Técnica de Comércio como professor e, em alguns anos, como Diretor. No dia 03 de fevereiro de 1976, atendendo ao convite das Irmãs Salesianas, passou a integrar o quadro de professores do Instituto Waldemar Falcão, onde permaneceu até 1988. Ainda na década de 60 é aprovado no concurso do Banco do Brasil e vê-se diante de uma difícil escolha. Aceitar ao chamado do banco significaria uma vida financeiramente tranqüila e estável, mas também resultaria em deixar para trás sua querida mãe e irmãos, além de podar seus sonhos de educador. Surpreendendo a todos, uma vez mais a família e a escola prevaleceram. Em 1991 e 1992, a convite do então Prefeito Kleber Gondim, dirigiu o Colégio Municipal de Aracati onde, com uma equipe de profissionais experientes na área, criou um divisor de águas naquela Instituição. Porém, foi no ano de 1965 que o jovem Professor dá início aquela que foi a mais expressiva manifestação de amor e doação presente ao longo de sua vida terrena: O Externato Kennedy. Inspirado pela filosofia Marista, embasado no Evangelho de Jesus e apoiado na força da mãe, Angelita, decide direcionar o seu trabalho, de forma mais objetiva aos menos favorecidos, fundando, no dia 22 de fevereiro de 1965, uma pequena escola dedicada à educação de crianças carentes. Foi o maior desafio de sua vida e a sua principal vitória. Enfrentou, ao longo dos 40 anos em que esteve à frente do Externato, um destino permeado por grandes obstáculos e perseguições políticas, mas nunca se deixou abater, buscando na fé em Deus a força para seguir adiante. A carência material podia retardar seus propósitos, mas nunca impedir a conquista de seus ideais. Sua família e os incontáveis amigos prestavam-lhe solidariedade incondicional nos momentos de alegria ou de dificuldades. Nos últimos anos de vida física, já afastado das suas atividades em sala de aula, dedicava-se exclusivamente às crianças e jovens do Externato Kennedy. Em fevereiro de 2005 comemorou junto com professores e funcionários os 40 anos de fundação desta Instituição que entrou para a história da educação em Aracati. Era comum ver ex-alunos dirigirem-se à sua residência para agradecer pelos conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação como cidadão do mundo. Em abril de 2005 o coração do Professor Régis, começa a dar sinais de cansaço. Um infarto agudo o obriga a ir às pressas, e já inconsciente, para Fortaleza onde permaneceu na UTI do Hospital de Messejana por um período de 10 dias. Faleceu no dia 23 de abril de 2005, após mais uma parada cardíaca. Seus parentes devolvem-no à terra querida onde seu corpo foi sepultado, após as mais calorosas manifestações de afeto e gratidão do povo aracatiense.

Fonte: http://solardasclotildes.art.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=55:regis-bernardo-de-souza&catid=38:personagens

José Pereira da Graça


José Pereira da Graça, que mais tarde, pelo acervo imenso dos trabalhos valiosos que prestou à pátria, pela sua dedicação à causa do Direito, seria agraciado com o título honorífico de Barão do Aracati, nasceu a 14 de Março de 1812.
Fez os primeiros estudos na sua cidade natal, seguindo logo após para Coimbra a fim de obter os preparatórios. Com 22 anos de idade, em 1834, formou-se em Direito pela Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Olinda.
Formado, ingressou logo na magistratura, tendo exercido o juizado nas comarcas de Aracati, Icó e Quixeramobim.
Como político, foi deputado provincial em várias legislaturas. Também representou o nosso Estado, na Câmara Federal, por duas vezes, nos biénios de 184344 e 1850-52.
Caráter íntegro, merecedor da inteira confiança do Governo Imperial, foi 4 vezes Presidente do Maranhão. Neste Estado, onde gozava de real estima e consideração, desempenhou ainda os altos e preeminentes cargos de Desembargador da Relação, Presidente do Tribunal de Comércio e da Relação, por vários anos.
Distinguido, em 1876, com a escolha de sua pessoa para membro do Superior Tribunal, deixou o Maranhão e transferiu-se para o Rio, onde viveu os últimos anos de sua vida.
Foi galardoado pelo Governo Imperial com o título de Barão do Aracati pelos seus serviços prestados à magistratura e ao Estado.

Fonte: 
LIMA, Abelardo Costa. Terra Aracatiense. 2. ed. Fortaleza: Biblioteca de História do Ceará, 1979. 137 p.

João Paulo Barbosa



João Paulo Barbosa ( Cônego) — Filho do Capitão Domingos Paulo Barbosa, Cavaleiro da Ordem da Rosa, nascido em 1813 e falecido a 14 de setembro de 1887, e de Dª Francisca Carolina Barbosa, nasceu em Aracati a 26 de abril de 1846. Neto paterno de João Paulo Barbosa e de Dª Mathilde Gurgel, e materno de Domingos José Barbosa (irmão de João Paulo Barbosa) e de Dª Maria Isabel do Espirito Santo.
Os pais de João Paulo e Domingos José Barbosa foram Francisco Xavier Barbosa e Dª Lourença Maria Barbosa, os de Dª Mathilde Gurgel, José Gurgel do Amaral e Dª Cosma Nunes Nogueira, e os de Dª Maria Isabel Cláudio Pereira de Oliveira e Dª Francisca Maria do Espirito Santo.
Iniciou em 1854 seus estudos primários com os professores Coriguazi Saturnino Ferreira de Barcellos e João da Silva Muniz, em 1858 estudou o latim com o professor Porfírio Sérgio de Saboia, em 1860 matriculou-se no Liceu de Fortaleza e em 1864 no Seminário Diocesano onde, concluídos os preparatórios, fez o curso teológico e se ordenou a 30 de novembro de 1870.
Nomeado a 9 de janeiro de 1871 coadjutor da freguesia da Imperatriz, foi fixar residência (agosto) na povoação de S. Bento d'Amontada cuja Igreja iniciada em fins do século XVIII conseguiu concluir; mais tarde foi vigário da União (de 29 de janeiro de 1873 a 30 de setembro de 1879); com a criação da freguesia de S. Luiz de Fortaleza foi para ela despachado a 30 de outubro de 1879, tomou posse a 1 de novembro e nela se manteve até 6 de fevereiro de 1896. A atual igreja do Patrocínio é quase uma construção sua, e a própria capella-mor existente foi no seu tempo prolongada e alteada.
Ao deixar a União, cuja Igreja e cemitério reconstruiu, e onde fundou uma sociedade sob o nome de Associação Literária Uniense, seus ex-paroquianos fizeram-lhe significativa manifestação de apreço e gratidão como se poderá ver do Cearense n.° 101 de 17 de setembro de 1879.
Foi Inspetor Escolar da freguesia de União e da de S. Luiz de Fortaleza, deputado provincial na legislatura de 1878, diretor interino da Escola Normal por portaria de 31 de ulho de 1891 e efetivo por nomeação de 18 de fevereiro de 1892 de novo diretor interino a 2 de julho de 1897, professor interino de Latim no Liceu Cearense a 14 de fevereiro de 1898 e efetivo a 6 de julho de 1899.
Prestou relevantes serviços ao movimento libertador dos escravos sendo um dos diretores do Centro Abolicionista.
Em 1882 foi por S. Majestade o Imperador nomeado Cônego Honorário da Catedral de Fortaleza.
Com os Pes. Bruno de Figueredo e Belarmino José de Sousa foi o iniciador da Sociedade Beneficente União do Clero cuja 1ª reunião teve lugar a 30 de março de 1884 no Instituto Cearense de Humanidades e que constituída teve por seu 1º presidente o Revmo. Pe. Antonino de Alencar.
Na tribuna sagrada de Fortaleza produziu vários sermões sobressaindo entre eles a Oração fúnebre, que pronunciou nas exéquias do Arcebispo D. Luiz Antônio dos Santos.
Faleceu a 18 de dezembro de 1904 em Aracati.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 506-508.

João Francisco Sampaio



João Francisco Sampaio (Farmacêutico) — Nasceu em Aracati a 27 de maio de 1847, sendo seus pais João Francisco Sampaio e Dª Joana Marcolina Sampaio, formou-se em Farmácia na Faculdade do Rio de Janeiro a 4 de dezembro de 1868 e faleceu em Fortaleza a 1 de Fevereiro de 1870 vítima de uma lesão cardíaca.
Deputado  nos biênios de 78-79, 80-81, 86-87.
Pertenceu ao corpo docente do Liceu do Ceará, após concurso para o qual apresentou o trabalho:
—Fenícios e sua civilisação. Israelitas até o Cativeiro de Babilônia. Tese de concurso, Ceará, Typ. do Estado do Ceará, 1891, 8º de 150 pp.
Foi por algum tempo o farmacêutico do nosso Hospital de Misericórdia e ocupou o lugar de Diretor da Secretaria da Assembleia Provincial.
Redigiu em Fortaleza o Estado do Ceará, jornal político aparecido a 21 de julho de 1890 em substituição à Gazeta do Norte.
Outro administrador teve esse jornal e foi o Bel. Francisco Fernandes Vieira.
João Sampaio casou a 26 de março de 1870 com Dª Maria de Castro Sampaio, nascida a 19 de janeiro de 1850, filha de Luiz Francisco Sampaio e de Dª Maria Rosa de Viterbo Castro Sampaio. Era, portanto, concunhado do Comor. Antônio Teodorico da Costa, de Lourenço Francisco Sampaio, que casou com Dª Brasília de Castro, e de Gonçalo de Souza Albuquerque, que   casou com   Dª  Carminda de Castro.
De seu consórcio teve os seguintes filhos: Gustavo Sampaio; Dª Maria Sampaio, nascida a 16 de maio de 1872; Júlio Sampaio, nascido a 11 de maio de 1873 e falecido na Amazônia; Dª Laura Sampaio de Castro, nascida a 24 de maio de 1874 e casada com Arthur Dutra de Castro; Julieta Sampaio, nascida a 31 de agosto de 1875; João Sampaio, nascido a 2 de abril de 1877 e falecido também no Estado do Amazonas; Dª Alice Sampaio, nascida a 22 de julho de 1879 e João, nascido a 7 de junho de 1883 e falecido logo depois.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 481-482.

João Francisco Ramos Filho



João Francisco Ramos Filho (Pe.) — Nasceu em Aracati a 30 de setembro de 1846, sendo seus genitores João Francisco Ramos e Dª Maria Cândida da Graça Ramos. Estudou e ordenou-se no Seminário de Fortaleza em 1869.
Dedicou-se com amor à literatura e mormente à poesia lírica, e deixou esparsas nos jornais da Província, do Rio de Janeiro e Maranhão inúmeras produções reveladoras de seu grande talento, que muito prometia.
Foi redator do Sobralense, quando coadjutor na cidade de Sobral, e por sua conta correu por algum tempo (1870) a parte literária da Tribuna do Povo, de Aracati.
Foi Vigário das freguesias de Palma, no Ceará, e de Caxias e Codó, no Maranhão, onde faleceu em 1885.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 480.

João Francisco Pinheiro



João Francisco Pinheiro (Cônego) — Filho de João Francisco Pinheiro e de Dª Mariana Francisca Pinheiro, nasceu em Aracati a 27 de março de 1830.
Preparado em primeiras letras, e feito o seu curso de latim com o Pe. Antônio Francisco Sampaio, partiu para Pernambuco em 1845, a fim de ordenar-se no Seminário de Olinda, o que efetivamente conseguiu, recebendo a 17 de abril de 1853 ordem de Presbítero, que lhe foi conferida pelo Bispo D. João da Purificação Marques Perdigão. Teve as ordens menores a 13 de junho de 1851, de subdiácono a 14 do mesmo mês e ano e de diácono a 25 de abril de 1852.
Regressando a Aracati, onde chegou a 23 de junho de 1853, foi a 11 de maio de 1857 nomeado pelo vice-presidente da província, Coronel Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, para reger interinamente a cadeira primária do sexo masculino do Aracati, e a 5 de outubro de 1860 pelo presidente da província, Dr. Antônio Marcellino Nunes Gonçalves, para reger também interinamente a cadeira de latim da mesma cidade, por tempo de um ano, durante a licença concedida ao proprietário pela Assembleia Provincial.
Aposentado o professor, foi ele nomeado a 23 de novembro de 1864 pelo presidente Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira para o exercício efetivo da cadeira sendo aposentado a 22 de Junho de 1893 pelo presidente José Freire Bezerril Fontenele.
Capelão na Passagem de Pedras, durante muitos anos, prestou ali os melhores serviços à religião e à localidade, trabalhando e muito concorrendo para a reedificação, que conseguiu, da atual capela da povoação; e não se limitou a isso o seu empenho, pois, também eficazmente se interessou pela construção de um açude no Araré entre o Palhano, obtendo como deputado provincial a promulgação da Lei n.° 1130 de 21 de novembro de 1864 que, aliás, à falta de meios, não teve execução.
Eleito deputado provincial suplente para o biênio de 1858 e 1859, e mais tarde deputado efectivo em três biênios sucessivos de 1864 a 1869, deu cabal desempenho ao respectivo mandato.
Como presidente da Câmara Municipal de Aracati, de 7 de janeiro de 1855 a 7 de janeiro de 1869, muitos benefícios fez ao município e pelo que, conforme o declara a Carta Imperial de 19 de dezembro de 1866, foi nomeado Cavaleiro do Imperial Ordem da Rosa. Foram relevantes os serviços que prestou nos dias 16 a 23 de abril do dito ano, por ocasião da enchente do Rio Jaguaribe.
A construção do atual mercado público, iniciada em 1865, foi realizada e concluída pela Câmara Municipal por ele presidida.
Para obra tão despendiosa, as Leis Provinciais, nº 1148 de 7 de dezembro de 1864, e n.° 1178 de 12 de setembro de 1865, autorizaram o município a contrair o empréstimo de vinte quatro contos de réis, que logo foi realizado.
Foi Cônego da Catedral do Ceará por Carta Imperial de 13 de janeiro de 1883, dignidade confirmada a 4 de abril por Provisão do Vigário Capitular da Diocese, Monsenhor Hipolito Gomes Brasil.
Muito dedicado à conservação e aceio da capela do Bom Jesus do Bomfim, onde diariamente celebrava, além de outros melhoramentos, fez abrir em 1883 as duas arcadas da capela-mor, que ficou assim mais elegante e confortável.
Faleceu em Aracati a 30 de abril de 1899, sendo sepultado em catatumba do lado oriental do cemitério; mas posteriormente foram retirados dali os seus ossos para ficar depositados no mausoléu da família, no pequeno cemitério anexo à capella do Bomfim.
Era   sócio   correspondente   do   Instituto   Católico do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, desde 26 de julho de 1864, e irmão da Santa Casa de Caridade do Ceará desde 28 de outubro de 1861.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 478-480.

João Facundo de Castro Menezes



João Facundo de Castro Menezes — Foi a influência política mais legítima e real, que teve a Província do Ceará.
Nasceu em Aracati a 12 de Julho de 1787, sendo seus pais o Capitão-mor José de Castro Silva 2º, nascido em Aracati a 22 de junho de 1749 e falecido a 27 de janeiro de 1807, e Dª Joana Maria Bezerra, filha do Pernambucano Coronel Francisco Barbosa Bezerra de Menezes, nascida a 29 de maio de 1751 e falecida a 30 de maio de 1818.
Neto pelo lado paterno de José de Castro Silva 1º, nascido a 20 de setembro de 1709, natural da ilha de S. Miguel, e de Dª Ana Clara da Silva, natural de Itamaracá, (casados a 27 de maio de 1748 na fazenda do Araré, Passagem de Pedras, pelo Pe. Gonçalo Ferreira de Mello, sendo uma das testemunhas o Capitão-mor José Pimenta de Aguiar), e pelo materno do Coronel Francisco Barbosa Bezerra de Menezes e Dª Helena Nunes Barbosa, natural de S. Bernardo das Russas; bisneto pelo lado paterno de Manoel Dias da Ponte, nascido a 10 de agosto de 1679 e casado a 22 de abril de 1722 com Dª Maria Lopes, naturais um e outro da ilha de S. Miguel, freguesia do Apóstolo S. Pedro da Ribeira Seca, e de Antônio da Cruz Silva, natural da freguesia do Espírito Santo em Lisboa e de Dª Tereza Maria José, natural de Itamaracá (o assentamento do casamento diz de Russas); e bisneto pelo lado materno do Sargento-mor João de Souza Pereira, nascido a 14 de Outubro de 1714 e de sua mulher Dª Joanna Bezerra de Menezes e do Coronel Antônio Nunes Ferreira e Dª Catarina Barbosa; terceiro neto de Manoel Dias da Ponte e de sua mulher Dª Vitória da Ponte, nascida a 26 de novembro de 1651 e de Antônio Lopes e de sua mulher Dª Maria Dias; quarto neto de Francisco Dias da Ponte e de sua mulher Dª Ana Fernandes, naturais um e outro da freguesia do Senhor Bom Jesus, do Rabo do Peixe, e de Miguel da Rocha, nascido a 10 de outubro de 1618 e casado a 29 de janeiro de 1640 com Dª Bárbara Rodrigues, nascida a 12 de julho de 1609, naturais um e outro da freguesia do Apóstolo S. Pedro da Vila de Ribeira Grande; quinto neto de Manoel da Rocha, casado a 3 de dezembro de 1613 com Dª Ana da Ponte e de Manoel de Farias e Dª Maria Luiza Farias; sexto neto de Domingos da Rocha e de sua mulher Dª Maria Jacome, naturais da Vila Franca do Campo, e de Pedro Reis da Ponte e de sua mulher Dª Ana Gonçalves da Ponte.
Esses apontamentos me foram fornecidos em janeiro de 1884 pelo Revmo. Jacinto Pereira de Medeiros, dígno Vigário da freguesia da Ribeira Seca, Vila da Ribeira Grande.
O Capitão-mor José de Castro Silva 2º teve do seu casamento, celebrado a 22 de agosto de 1768 com Dª Joana Maria Bezerra, além de João Facundo dez filhos, sendo cinco homens e cinco mulheres.
Os primeiros anos de João Facundo, ocupados na vida do comércio em Aracati e depois em Fortaleza, para onde mudou-se em 1818, nada oferecem de notável, mas acontecendo envolver-se por muitos lustros nas lutas travadas na província por motivo de partido e de nacionalidade, sua passagem por elas deixou vestígios inapagaveis.
Quando de Pernambuco se estenderam ao Ceará as ideias da Confederação do Equador e a nova comarca do Crato hasteou em outubro de 1822 o estandarte da revolta,  foi Facundo metido em arbitrária e despótica prisão e deportado para uma fortaleza no Rio donde o fez sair um honroso mandado Imperial.
Esses vexames, de que também partilhou seu primo e conterrâneo Capitão-mor Barbosa, eram consequência lógica das ideias que comungavam em matéria de política, a família Castro opondo-se ao reconhecimento do governo de que se constituíram chefes Tristão Gonçalves d'Alencar Araripe, José Pereira Filgueiras e Pe. Gonçalo Ignacio d’Albuquerque Mororó.
Em data de 14 de abril de 1824, Barbosa assinou com seus companheiros do Senado da câmara, Marcelino de Brito, Manoel José Martins Ribeiro Júnior, Inácio Ferreira Gomes e José Antônio Machado um protesto contra os manejos de Tristão e conjurou-o a que se demitisse do posto, que ilegitimamente assumira e concluiu lançando-lhe sobre os ombros a responsabilidade de toda e qualquer desgraça, que em Fortaleza acontecesse por motivo de não aquiescência ao convite do Senado.
Em resposta a esse ofício, a Municipalidade recebeu obstinada e formal recusa assinada por Francisco Pinheiro Landim, José Pereira Filgueiras, Tristão Gonçalves d'Alencar Araripe e Miguel Antônio da Rocha Lima (secretário), recusa cuja minuta fora feita pelo Pe. Mororó.
Convencidos os Castros e seus amigos que os revoltosos não cederiam de seu propósito, nem reconheceriam o Tenente-coronel Pedro José da Costa Barros, presidente nomeado pelo Governo Central desde 25 de novembro de 1823, e que então já estava no porto promto a desembarcar da corveta “Gentil Americana”, reuniu-se de novo o Senado da Câmara a cuja sessão compareceu o comandante do batalhão de 1ª linha Sargento-mor José Narciso Xavier Torres e passou a instituir um governo provisório, cuja Presidência foi assumida pelo 2º vereador, pois o 1º, Joaquim Antunes de Oliveira, temendo comprometer-se, dera parte de doente.
Estando as coisas assim, Tristão, Landim e seus amigos retiraram-se apressadamente, mesmo sem cavalgaduras, para a vila de Arronches onde estabeleceram quartel general e donde peijaram a cidade de Fortaleza de suas proclamações e de tais meios se serviram, não sendo o de menor importância a divulgação da notícia de ter sido Filgueiras elevado ao posto de brigadeiro e feito Governador das Armas, que conseguiram a suspensão de Facundo do comando do Batalhão dos Nobres e a prisão de Barbosa.
Isto se passava no dia 15, quinta-feira santa, e nesse mesmo dia tinha lugar o desembarque de Costa Barros. Chegada no dia seguinte a nova do bloqueio do Recife e da crítica posição de Paes de Andrade, Tristão apressou-se em convidar Costa Barros a assumir a presidência da Província, o que se realisou a 17 com satisfação de todos os cearenses, que viram restituídos às suas famílias Facundo, Barbosa e companheiros.
Não tinha, porém, ainda soado a hora do extermínio completo da República do Equador no Ceará; rios de lágrimas deviam ainda derramar-se e sangue precioso tingir o solo da pátria, pois com a chegada de Pernambuco a 21 dos emissários Diogo Gomes Parente e Francisco Alves Pontes, que vinham trazer palavras de animação e assegurar a esperança de decisiva vitória, seguiu Filgueiras a 23 para o Aquirás, donde voltou a Messejana e desta última Vila (25 de abril) expediu ordem a Luiz Rodrigues Chaves, já então feito comandante do batalhão da capital, para que prendesse e remetesse para bordo da fragata inglesa “Jubile” João Facundo, Joaquim Barbosa, Marcelino de Brito, Manoel Martins, José Narciso Xavier Torres, Manoel Antônio Diniz, Francisco Xavier Torres, João da Silva Pedreira, Sargento-mór Jerônimo Delgado Esteves e o Tenente José de Abreu.
Postos na impossibilidade de lutar os inimigos mais salientes dos planos de Tristão, Filgueiras oficiou ao Presidente Costa Barros para demitir-se do lugar que ocupava e deu-lhe por substituto Tristão Gonçalves que entrou em exercício a 29.
No Rio de Janeiro, para onde foram desterrados sem forma alguma de processo, João Facundo e Joaquim Barbosa publicaram a 20 de julho de 1824 um manifesto-protesto, em que vem narradas com minuciosidade essas lutas de partido, e voltaram pouco depois para a província, que tanto carecia de seus desinteressados serviços e avisados conselhos.
O manifesto foi impresso na tipographia de Plancher, impressor de S. M. Imperial, rua do Ouvidor nº 203, 1824.
Abundando nas mesmas ideias do manifesto os dois cearenses dirigiram ao Imperador uma representação, em que narravam os sucessos ocorridos, sendo suas asserções apoiadas por valiosas certidões da Secretaria do Governo, extraídas por Manoel do Nascimento Castro e Silva.
Até aqui temos visto em Facundo o amigo dedicado às instituições monárquicas.
Mais adiante vamos encontrá-lo ao lado do presidente Belfort lutando com o governador das armas da província, Conrado de Niemeyer, o condecorado com a Ordem do Cruzeiro por pedir o aniquilamento da carta constitucional, e mais tarde ainda partilhando as ideias para cuja vitória Manoel do Nascimento e Vicente de Castro tanto concorreram com Evaristo e Vergueiro, Odorico Mendes e Limpo de Abreu, e cujo desfecho chamou-se o 7 de abril de 1831.
A 25 de novembro de 1837 com a retirada do Senador Martiniano de Alencar para o Rio, Facundo assumiu as rédeas do governo e administrou a província até a ascenção dos conservadores.
Era a 2ª vez que tomava sobre os ombros esse pesado e honroso encargo, pois substituirá na qualidade de 2º vice-presidente a seu mano, Capitão-mor José de Castro, a 7 de outubro de 1831.
Havendo-se retirado do poder o Pe. Diogo Antônio Feijó e com ele o partido liberal, Manoel do Nascimento, Vicente de Castro e mais amigos no Rio escreveram a Facundo para que apoiasse com seu prestigio a candidatura do Regente interino Pedro de Araújo Lima, depois Marquez de Olinda, e tanto mais instantes se faziam essas recomendações, quando surgiam pretenções por parte de Holanda Cavalcanti e não havia candidato liberal aquele posto.
Governava então a província, como delegado dos homens do 19 de setembro de 1837, Manoel Felizardo de Souza e Mello, cuja posse teve lugar a 16 de dezembro, mas apesar de adversário não recusava satisfazer às exigências do chefe liberal, cujos amigos continuavam a ocupar a maior parte das posições oficiais.
Alencar, porém, que não era o chefe real do partido na província, mas era aquele que mais sobresaía pela posição de Senador, não desejando concorrer para a grandeza de quem lavrara-lhe a demissão de Presidente ao verificar-se a queda do 1º Regente, conseguiu vencer a repugnância de Facundo em prol de uma candidatura qualquer que não fosse a do Regente interino e fazê-lo abraçar a do General Lima e Silva.
Era natural que Manoel Felizardo rompesse em luta desabrida contra aqueles que no começo de sua administração mostraram-se quase propensos a abraçar a candidatura do regente; mas o que causa surpreza é que o político por amor de quem e por cuja causa a palavra de Manoel do Nascimento e Vicente de Castro ficara mal vista dos homens do poder continuasse a privar com o Presidente e obter dele todas as concessões, emquanto os liberais estavam sob o guante de ferro da perseguição a mais violenta, quando os atos da administração conservadora mereciam por toda parte sérios reparos e até mesmo no recinto do Senado, onde, todavia, nunca se fez ouvir a esse respeito a voz do representante Cearense.
Contra o proceder desse Presidente, que levou seu espírito partidário ao ponto de conservar-se na administração da província oito dias depois da chegada de seu legítimo sucessor, foi que Facundo, então Presidente da Assembleia, endereçou em data de 12 de fevereiro de 1839 a conhecida mensagem, também subscrita pelos companheiros de representação residentes na capital, Capitão-mor Joaquim José Barbosa, Dr. José Lourenço de Castro e Silva, Desembargador João Paulo de Miranda, José Raimundo Pessoa, João Franklim de Lima, Ângelo José da Expectação Mendonça e José Joaquim da Silva Braga.
A Manoel Felizardo, que pedira demissão e fora removido para o Maranhão, sucedeu o Dr. João Antônio de Miranda, que desembarcou, a 8 e assumiu as rédeas do governo a 15 de fFevereiro de 1839.
Sua presidência assinalou-se tão somente pelo adiamento da Assembleia faltando apenas 12 dias para findar a sessão, e pela continuação da guerra feita aos políticos da parcialidade adversa, sendo uma nova face de perseguição por ele posta em prática o amordaçamento da imprensa, que lhe era desafeta.
Exonerado o Dr. João de Miranda, o governo imperial deu-lhe substituto na pessoa do Bel. Francisco de Souza Martins.
Pode dizer-se que a vida administrativa dessa autoridade entre nós quase limitou-se a lutas de eleição, em que soube sempre sofismar a vontade do eleitorado da província nos diversos pleitos por que ele teve de passar, mormente no que deu uma cadeira no Senado a Miguel Calmon du Pin e Almeida.
A exoneração, dada a Souza Martins e dada de modo acintoso, por quanto lhe era ordenado passasse imediatamente as rédeas do governo ao 1º vice-presidente, foi consequência obrigada do grande ato da Maioridade, realisado à 23 de julho e tão saudado do norte a sul do império.
Coube, portanto, a João Facundo a honra de ser o primeiro a governar o Ceará depois que D. Pedro II foi declarado maior.
Era mui justo. Nenhum cearense trabalhara mais do que ele para esse resultado. Se em casa de Alencar reuniam-se clubes como ao Regente declarou em 1837 o presidente Souza Martins, os passos de Facundo eram vigiados e até suas cartas interceptadas como as de perigoso e autorisado adversário.
Em correspondência travada com seu tio o barão de Parnaiba, dizia Souza Martins:
“Acresce ter sido a dias surpreendida outra carta de João Facundo de Castro Menezes, Inspetor d'Alfândega desta cidade e irmão do deputado Manoel do Nascimento, a qual depois de declarar o seu grande descontentamento da minha administração e do governo do regente, encerrava um bilhete escrito em cifras para não ser entendido e por ele parece coligir se a existência de uma sociedade, que tem por fim proclamar a Maioridade S. M. o Imperador.
“A vista disto compreenderá V. Exma. se é delicada e assustadora a minha posição sem forças nem armas na província. Eu tenho tudo participado para a Corte e algumas providências espero, mas virão elas?
Pode-las-a o governo dar? Conservo em segredo os meus sustos e receios”.
Havendo tomado posse a 9, Facundo expediu a 11 uma portaria adiando a Assembleia por assim convir ao bem da província, substituiu por amigos a alguns oficiais da Guarda Nacional, que além de outros motivos ofereciam o de não ter títulos legalizados e tratou de restabelecer em seus empregos e lugares a liberais de respeitáveis serviços ao país e aos quais a intolerância das três passadas administrações havia perseguido.
Compreende-se bem que esses atos de Facundo, filhos inteiramente das circiunstâncias em que a política o colocava, deviam trazer a explosão das iras de seus adversários, que chegavam a açular belicosamente os ânimos dos cidadãos pacíficos e em clubes e reuniões cotidianas buscavam implantar nas massas o gérmen da desobediência ao Ministério da Maioridade e ao seu delegado na província.
É publico e notório, e o demonstra por demais o ofício da câmara municipal de Baturité em sessão extraordinária de 2 de outubro de 1840, que Souza Martins em viagem para sua comarca animava em todos os pontos da província, por onde ia passando, o espirito de rebelião à nova ordem de coisas; não admira, portanto, que o governo provincial lançasse mão de meios de coerção e tratasse de se cercar de empregados e auxiliares de sua plena confiança.
Subia ao poder o partido liberal e os seus amigos tinham sido cuidadosamente excluídos dos empregos, que ocupavam, por Manoel Felizardo, que lavrou 156 demissões, e por seus dois sucessores, não admira que Facundo quizesse administrar a província sem o concurso dos que não lhe mereciam confiança e antes opunham sérios tropeços à sua administração.
A 20 de outubro de 1840 assumiu a presidência do Ceará o Senador José Martiniano de Alencar, nomeado por Carta Imperial de 10 de setembro.
Como era natural, os atos de seu sucessor mereceram-lhe inteira aprovação, e os conservadores, longe de se acalmar, foram de dia em dia mais se exaltando, e afinal concluíram por fazer manifestações hostis ao ilustre delegado do ministério da Maioridade.
A 2ª administração do novo presidente, pode-se quase dizer, foi ocupada em sufocar revoltas promovidas pela parcialidade, que abandonara o poder com a elevação de D. Pedro II, e encontrara em Alencar e Facundo valente paradeiro à sua influência.
Icó, Aracati, S. Bernardo e Sobral sobretudo foram os focos dessas loucas sedições, que os atos dos dois liberais tinham provocado e as quais emprestavam o concurso de decidido apoio alguns vultos como o Major Francisco Xavier Torres, Dr. Miguel Vieira e outros.
Subindo a 23 de março de 1841 o Gabinete Vilela Barbosa, Alencar foi exonerado, passando a Facundo a 6 de abril a administração.
Foi a última vez, que nesse cargo o político liberal prestou à pátria serviços eminentes.
Bala assassina desfechada às 7 1/2 horas da noite de 8 de dezembro libertou os conservadores de poderoso adversário e roubou aos liberais seu chefe prestimoso.
Era então presidente da Província o brigadeiro José Joaquim Coelho, depois Barão da Vitória, juiz de direito e chefe de policia da comarca da capital o Bacharel Miguel Fernandes Vieira e comandante da polícia Franklim do Amaral.
Procederam ao corpo de delito e exame cadavérico com assistência do juiz de paz Capitão-mor Barbosa e do escrivão Antônio Lopes Benevides o Cirurgião-mor da província Joaquim da Silva Santiago e o Cirurgião Francisco José de Mattos.
É este o auto de corpo de delito, a que mandou proceder o Juiz de paz do primeiro ano, Capitão-mor Joaquim José Barbosa:
“Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1841, aos nove dias do mês de dezembro do dito ano nesta cidade da Fortaleza, cabeça da Comarca e Província do Ceará Grande, em casa de morada do Major João Facundo de Castro e Menezes, onde foi vindo o Juiz de Paz do primeiro ano, Capitão-mor Joaquim José Barbosa comigo Escrivão de seu cargo ao diante nomeado, o Cirurgião-mor da Província do Ceará Grande Joaquim da Silva Santiago e o Cirurgião Francisco José de Mattos para efeito de se proceder a exame e corpo de delito no cadáver do dito Major João Facundo que havia sido assassinado à noite antecedente com três tiros e logo pelo dito Juiz de Paz foi deferido aos ditos peritos o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles a um depois de outro, encarregando-lhes que com boa e sã consciência examinassem o corpo do cadáver que estava presente e declarassem quantos ferimentos, nóduas e contusões tinha o dito cadáver em seu corpo, suas qualidades e situações e se delas provinha a morte. E recebido por ele, dito juramento assim o prometeram cumprir e guardar como lhes era encarregado, e logo na presença do dito Juiz e de mim Escrivão passaram os ditos peritos a examinar o corpo do dito cadáver e declararam ter este uma ferida longa sobre a parte lateral média e inferior do crânio do lado direito com fraturas ou grandes destruições nos ossos parietal, escamosa do temporal e coronal até a apófise todos do mesmo lado direito com extensão de duas polegadas de boca circularmente penetrando a cavidade do crânio em direção oblíqua para a base posterior e inferior do ocipital com perdimento e grande destruição de cérebro e grossos vasos; outro ferimento junto ao condilo esquerdo do ocipital, contendo uma polegada de extensão triangularmente sem fratura da sutura comboidia e destruição da porção cerebelar, cujo ferimento último denota ser havido dos corpos superiormente impelidos. Estes ferimentos foram feitos com arma de fogo e pelos estragos notados em entranhas; órgãos e vasos tão necessários à vida foram absolutamente mortais. E por esta forma houve o dito Juiz este auto de corpo de delito por terminado. Eu Escrivão dou minha fé por ser todo o conteúdo em verdade por ver e presenciar ditos ferimentos da cabeça do dito cadáver, e de tudo para constar mandou o dito Juiz de Paz fazer este auto em que assinou com os ditos peritos. Eu Antônio Lopes Benevides, Escrivão o escrevi.—Joaquim José Barbosa, Joaquim da Silva Santiago, Francisco José de Mattos”.
Possuo ainda a camisa que vestia Facundo ao ser assassinado.
Sobre o bárbaro crime são dignos de leitura os Discursos, que na presença de S. M. o imperador recitaram a 5 de janeiro de 1842 o Senador Alencar, o deputado Pe. Carlos de Alencar e o Dr. José Lourenço, presidente da Câmara de Fortaleza. Estão publicados no Motorista, do Rio de Janeiro (janeiro de 1842).
O illustre cearense, pode-se dizer, suicidara-se: como a César, não lhe faltaram avisos de que sua vida corria enormíssimo perigo, risco iminente; como a Pelegrino Rossi chegaram-lhe nefandas traições; mas tais eram os sentimentos que em sua alma se aninhavam que nunca se arreceou de ser vítima do bacamarte assassino por motivo político, por ódio partidário.
Disto temos prova em carta sua.
Um dia, era a festa do Espírito Santo, a família Castro reunia-se no Meireles em casa de Manoel Lourenço, residência hoje da família Silva Porto, e João Facundo para lá se dirige pelo caminho, que fica à direita do Palácio Episcopal; os assassinos emboscaram-se neste ponto, mas frustrou-se o plano tenebroso, porque a vítima voltara por caminho diferente, pela beira-mar; noutra ocasião achava-se ele em casa do seu parente Capitão-mor Barbosa, onde foi o Hotel das Quatro Nações, posteriormente consultório do cirurgião dentista Guilherme Sombra e atualmente é a casa Bordallo e Cia. Os assassinos, postados na então Praça Carolina bem em frente da atual Assembleia, retiram dentre feixes de capim as espingardas carregadas, fazem por vezes pontaria para as janelas do sobrado, que lhes fora designado, mas ainda desta feita frustra-se o assassinato por não ter havido ocasião propícia à   perpetração do  horrendo crime.
A 8, porém, do mês de dezembro tinha execução o tenaz e deliberado propósito e em hora infeliz realizavam-se as previsões e os temores dos amigos e dos parentes do infeliz cidadão.
Compreende-se o que acontecia então nas ruas da cidade, no seio da famílias em sobressalto. Por toda parte surgiam gritos de vingança, protestos de energia indescriptivel.
A polícia, essa não permittia que se fizessem ajuntamentos de mais de três pessoas e trazia à vista os membros mais conspícuos da família perseguida e seus mais dedicados amigos, e si em altas vozes os homens do governo prometiam prêmios a quem descobrisse os matadores, cerravam ouvidos aos nomes, que o clamor público apontava e mais tarde protegiam abertamente os mandantes do atroz delito, os que haviam armado o braço inconsciente de Chagas e de Abraão pela mesquinha soma de poucos patacões.
Decorridos tantos anos depois do triste sucesso, se pode hoje dizer sem rebuço os nomes dos criminosos. Foram eles: a mulher de José Joaquim Coelho mandante, Antônio Abraão e Chagas executores, Cel.  Agostinho e Joaquim Jacarandá intermediários. Aliás a Baronesa da Vitória nos últimos tempos de sua vida não mais escondia a parte importante, que tomara na tragédia.
Os mandatários do assassínio de Facundo, o preto Antônio Manoel Abraão, natural de Crateús, e o cabra Pedro José das Chagas, natural de Caxias, Maranhão, foram anos depois condenados a galés perpétuas pelo juri de Fortaleza; Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, o intermediário entre os assassinos e a mulher de José Joaquim Coelho, a mandante do crime, foi julgado três vezes, sendo absolvido na 1ª, condenado a galés perpétuas na 2ª e absolvido pelo voto de Minerva na 3ª.
Seus restos repousam na Igreja do Rosário, corredor à mão esquerda, junto ao túmulo de seu primo e amigo, Capitão-mor Barbosa, falecido de lesão cardíaca a 23 de outubro de 1847 em sua fazenda Tauape, mártir também da infrene perseguição dos satélites de Coelho; para aí foram trasladados a 9 de setembro de 1848, depois de pomposas exéquias em que tomou parte todo o partido liberal e em que foi orador sagrado o Revmo. Carlos Augusto Peixoto de Alencar.
No mesmo dia em vários pontos da província, e nomeadamente em Sobral, era sufragada a alma da vítima dos conservadores.
A rua mais bela da capital do Ceará, a antiga rua da Palma, aquela onde se acha situada a casa, que o viu cair ferido mortalmente, honra-se hoje com o nome do Major Facundo. A casa é aquela em que tem estabelecimento de ferragens a firma Viúva Vilar e Filhos.
Um ano e cinco meses depois do assassinato, a  19 de maio de 1843, voltava para casa pelo braço de Elesbão Bittencourt, filho do presidente Silva Bittencourt e acompanhada de todos os seus juízes a esposa de Facundo, Dª Florência de Andrade Bezerra a Castro, acusada de conspirações e metida em monstruoso processo. Os jurados, que por unanimidade absolveram a Dª Florência de Andrade foram Manoel Joaquim de Almeida, Manoel José Ladislau, Antônio Pereira Martins, Vicente Ferreira M. Pereira, Vicente da Costa dos Anjos, Valerio Raulino de Souza Uchôa, Constancio Dias Martins, Joaquim de Macedo Pimentel, José Gervásio de Amorim Garcia, João Pacheco Ferreira, Luiz V. da Costa Delgado Perdigão e Francisco Manoel Gafanhoto.
Dois meses e cinco dias antes, às 8 horas da manhã de 14 de março de 1843 havia largado do porto da Fortaleza o vapor “S. Sebastião”, comandante J. Maria Falcão, levando a seu bordo o brigadeiro Coelho.
Facundo foi comandante do batalhão dos Nobres de Fortaleza, e condecorado com o hábito de Cristo.
Dª Florência de Andrade B. e Castro nasceu em Paraiba a 21 de agosto de 1787, casou a 14 de maio de 1814 e faleceu a 11 de setembro de 1865 em Fortaleza.
Casara em primeiras núpcias aos 13 anos com Francisco José de Moraes e desse teve: Dª Francisca de Moraes, e Dª Lina Josefa de Vasconcelos, que nasceu a 23 de setembro de 1808 e casou a 23 de setembro de 1823 com Manoel José de Vasconcellos, sendo celebrante do ato o Pe. Antônio de Castro e Silva, e testemunhas Ignácio Ferreira Gomes, Joaquim Francisco de Paula e sua mulher Dª Bernarda Maria da Conceição e Dª Maria Ribeiro, mulher do Ajudante Lauriano Antônio Ribeiro.
O Major João Facundo e Dª Florência de Andrade deixaram a seguinte descendência: Antônio Facundo de Castro Menezes, nascido a 18 de novembro de 1816 e falecido no Pará a 1 de janeiro de 1878; Dª Maria Joana de Castro Barbosa, nascida a 8 de julho de 1818, casada com seu primo o Major Joaquim José Barbosa e falecida a 13 de junho de 1849; Dª Cândida Augusta de Castro Menezes, nascida a 15 de janeiro de 1824 e falecida a 3 de junho de 1864; Dr. Ernesto Facundo de Castro Menezes, nascido a 7 de novembro de 1828 e falecido a 13 de novembro de 1859; Camerino Facundo de C. Menezes, nascido a 21 de agosto de 1830 e falecido em 1908 em Belém do Pará.
O Ceará Ilustrado nº 3, ano 1º deu o retrato e a biografia do Major Facundo. De sua vida trataram largamente João Brígido na Refutação à biografia de Antônio Rodrigues Ferreira por Paulino Nogueira e Paulino Nogueira no seu substancioso trabalho Presidentes do Ceará (Vide Revista do Instituto do Ceará, vols. 19 e 20).
Além do Manifesto acima referido conheço de J. Facundo :
—Regulamento da Polícia Fiscal do Porto do Ceará a cargo da Alfândega, que foi aprovado pelo presidente Alencar a 22 de novembro de 1837 e pelo presidente do Tribunal do Tesouro Nacional a 17 de março de 1838.
Por esse Regulamento, que se compõe de 46 artigos, devia haver no Porto do Ceará quatro ancoradouros, o de Quarentena, o de Franquia, o de Descarga e o de Carga.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 460-474.

João de Castro Silva



João de Castro Silva (Capitão-mor) —Filho de José de Castro Silva 1º, natural da Ilha de S. Miguel, e Dª Ana Clara da Silva, natural de Itamaracá, nasceu em Aracati a 14 de maio de 1751 e faleceu em 1825. Foi Capitão-mor de Aracati.
De seu consórcio com Dª Joana Maria de Castro, falecida a 2 de evereiro de 1807, deixou a seguinte descendência :
João de Castro Silva, 2º, nascido a 13 de outubro de 1784 e casado com Dª Francisca Nunes Barbosa; Dª Tereza Maria de Jesus, nascida a 18 de março de 1787 e casada com Valentim Pereira de Brito; Pedro Leão de Castro, nascido a 28 de junho de 1788 e casado com sua prima Dª Francisca Emília de Saboia e Castro; Antônio de Castro Silva nascido a 21 de fevereiro de 1790 e casado com sua prima Dª Ângela Cherubina; Dª Maria Perpétua de Jesus, nascida a 24 de maio de 1791 e casada com Antônio Joaquim da Câmara; Dª Maria Joana dos Santos Caminha, nascida a 25 de setembro de 1801 e casada com Antônio Ferreira dos Santos Caminha; Vicente de Castro Silva, nascido a 16 de Janeiro de 1806 e casado com Dª Antonia Maria de Castro Silva; Dª Florencia Ferreira dos Santos Caminha, nascida a 16 de janeiro de 1807 e casada com Alexandre Ferreira dos Santos Caminha.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 453-454.

João Aureliano Sampaio


João Aureliano Sampaio (Pe.)—Nasceu na cidade do Aracati a 28 de fevereiro de 1823, sendo seus pais o Tenente Quartel-Mestre José Francisco Sampaio e Dª Francisca Clara de Assis Sampaio.
Avós paternos o Sargento-mor João Francisco de Sampaio, filho de Gonçalo Martins e de Dª Tereza Francisca de Unhão, arcebispado de Braga, e Dª Angélica Joaquina dos Anjos, filha de Manoel Francisco de Azevedo e de Dª Caetana da Silva Carneiro, de Recife.
Aprendeu a ler na cidade natal, e estudou Latim na aula do Pe. Antônio Francisco Sampaio; daí foi para o Maranhão a cujo Seminário se recolheu. No fim de quatro anos tomou Ordem de Presbítero, dada pelo Rvmo. Bispo de Coimbra com demissorias do Bispo de Pernambuco.
Logo que se ordenou foi nomeado Coajutor da Sé do Maranhão e neste lugar esteve um ano e seis meses.
Despachado Vigário encomendado da Freguesia de São João da Corte, adoeceu e recolheu-se de novo ao Maranhão, sendo então nomeado Coadjutor da freguesia da Sé, em que permaneceu dez anos.
Vindo para sua Província, foi nomeado Coadjutor da cidade de Baturité. Serviu nela dois anos, não lhe convindo mais passou-se como Capelão para Itans, povoação da Caiçarinha, povoação do Coité, povoação da Califórnia, e finalmente, na seca de 1878, para a cidade de Baturité, onde permaneceu até a morte.
Foi deputado provincial no quatriênio de 1889, membro da Câmara Municipal por vezes e até há pouco seu Presidente.
Faleceu a  13 de abril de  1910.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 410-411.

João Aureliano Correia dos Santos


João Aureliano Correia dos Santos (Mons.)— Filho do fazendeiro Tenente-Coronel José Correia dos Santos, um sobrinho de Joaquim Emílio Ayres, de Alagoas, redator do Clarim da Liberdade, e de Dª Thereza de Jesus Correia dos Santos, falecida em Petrópolis a 5 de julho de 1907, das famílias Caminha e Castro, nasceu em Aracati a 6 de maio de 1850.
Entrando no Seminário de Fortaleza, aí recebeu o presbiterato a 30 de novembro de 1873 e foi mandado paroquiar as freguesias da Cachoeira, Aracati e Jaguaribe-mirim.
Embarcou para o Rio de Janeiro em 1877 fixando residência em S. Domingos de Nitéroi, em companhia de seu tio e cunhado, Dr. Antônio Ferreira dos Santos Caminha, então deputado geral pela Província do Ceará.
Em 1883 foi nomeado Vigário da freguesia de S. João Batista de Niterói, tendo merecido anos antes, por Carta Imperial de 15 de março de 1879, as honras de Cônego da Capela Imperial, confirmadas pelo Bispo D. Pedro de Lacerda.
Em nome do Bispo D. Francisco do Rego Maia e como seu procurador presidiu á instalação e tomou posse da diocese a 25 de fevereiro de 1894, a 27 de julho de 1896 foi nomeado governador do Bispado durante a ausência do referido Bispo em viagem ad limina apostolorum, fato que se reproduziu a 28 de abril de 1899 por ocasião do Concílio Latino Americano, em Roma. Tais foram seus serviços que o Bispo Rego Maia para ele obteve as honras de Prelado Doméstico de S. Santidade o Papa Leão XIII, podendo usar as insígnias prelatícias na mesma Cúria Romana, e tendo a faculdade de possuir capela no lugar de sua residência.
Monsenhor João Aureliano foi um dos fundadores do Colégio das Doroteias em Niterói.
Sem ser político, o 4º Distrito do Estado do Rio fe-lo seu representante no Congresso Nacional, sendo eleito a 31 de dezembro de 1859 e reconhecido a 20 de junho de 1900.
Em maio de 1900 foi de novo convidado para dirigir o Bispado de Petrópolis pelo Bispo Diocesano, por ocasião de sua ida ao Congresso Católico da Bahia e à peregrinação à Roma e outros logares, mas tendo de tomar parte na Câmar dos Deputados, não aceitou o convite, consentindo, porém, em ficar como segundo governador do Bispado.
A Rua do Ouvidor, Rio, nº de 3 de fevereiro de 1900 estampou seu retrato e sua biografia.
Faleceu na Capital Federal, vitimado por um cancro do estômago a 31 de julho de 1904, depois de uma viagem empreendida à Europa em busca de melhoras.
Publicou:
—Discursos proferidos pelo Monsenhor João Aureliano Correia dos Santos Deputado Federal pelo Estado do Rio de  Janeiro nas sessões de 18 de agosto e 16 de novembro de 1900, Rio de Janeiro, Tip. Guimarães, rua Teófilo Ottoni nº 143, in 8º de 24 pp.
Dª Tereza de Jesus Correia dos Santos era filha de Antônio Ferreira dos Santos Caminha e de Dª Maria Joana Balbina, ele filho de Alexandre Ferreira dos Santos e de Dª Ignacia de Alencastro, e ela filha de João de Castro Silva, que foi Capitão-mor de Aracati, nascido a 14 de maio de 1751 e falecido em 1815.
Alexandre Ferreira dos Santos era filho de Alexandre Barbosa Caminha e de Dª Quiteria Ferreira de S. Eulália.
Alexandre B. Caminha era filho de Cosme Gonçalves.
O nome Caminha lhes veio da localidade desse nome em Portugal.
De Dª Ignacia foram pais Vitorino Gomes Barbosa e Dª Antonia de Alencastro, e de Dª Quitéria, João Ferreira dos Santos, de Marvão em Piauí, e Dª Leonor de tal.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 408-410.

João Antônio Capote


João Antônio Capote—Nasceu em Aracati a 14 de julho de 1828. Era filho de Antônio José Pereira Capote e Dª Maria Joaquina Copote.
Chegando a Fortaleza, empregou-se como caixeiro de Victoriano Augusto Borges, com quem esteve algum tempo. Depois de deixar esse emprego, ocupou-se em fazer transportar para a cidade em carros de boi de sua propriedade as cargas da Alfândega para casas comerciais, e fazendo nisso um pecúlio se estabeleceu com uma casa de fazendas na praça do Ferreira em frente ao sobrado dos negociantes Gradvohl Frères.
Depois de estar em Pernambuco cerca de um ano seguiu em 1857 para o Rio de Janeiro, e aí estabeleceu-se com loja de ourives à rua do General Câmara, canto da dos Ourives, de sociedade com o profissional cearense, de nome Luiz Joaquim de Oliveira, e entregou-se a diversos ramos de negócios.
Entre vários fatos de sua vida no Rio de Janeiro são dignos de menção a compra que fez em 1865 da Fazenda Solitário que ele denominou Santa Fé e onde teve ocasião de hospedar o Imperador e sua comitiva quando foi feita Estação da Estrada de Ferro Central; a luta que em 1872 travou com o Visconde do Rio Branco por causa da nomeação de Bernardino Pacheco para tesoureiro do Tesouro no Ceará, sua prisão por queixa do dito Bernardino Pacheco e indulto pelo Imperador; a denúncia que deu contra o Visconde do Rio Branco em 1873; os relevantes, os inolvidáveis serviços que prestou aos seus patrícios na seca de 1877-78.
É notável a lista de moços cearenses cuja educação ele promoveu ou auxiliou; basta citar os nomes do Dr. Cesidio Samico, Alfredo de Carvalho, José Pereira Valente, Roberto Samico, Carlos Miranda, Dr. Domingos J. N. Jaguaribe, Joaquim de Carvalho, Dr. Antônio J. Capote Valente, João Pedro Damasceno, Dr. Tristão Eugênio da Silveira, Engenio Tristão da Silveira e outros.
Vítima de padecimentos pulmonares, faleceu a 26 de abril de 1879 e está enterrado no Cemitério de S. Francisco Xavier.
Ferreira de Menezes, o grande folhetinista, escreveu na Gazeta de Notícias estes trechos, que pintam bem quem foi o Major J. Capote:
“... Não acaba de acontecer isto com o Major Capote?
Ele passava por aí sempre modesto, ninguém o apontava.
Alguém lembrou-se um dia de escrever que ele estava no caso de representar sua província no Senado. O que? O Major Capote? Ora... E meia dúzia de tolos pôs-se às gargalhadas. Pois bem, agora que o viram morto, é que mediram de que tamanho era esse homem de bem, esse homem de caráter e apreciaram a enorme boca esfomeada que ele enchia com as suas esmolas! Então abundantemente, nos seus funerais, não houve quem não dissesse:
Quem melhor, e mais legitimamente que esse homem poderia representar o Ceará? ele, simples indivíduo, aliviou tão corajosamente uma província inteira!
Quantas vezes entretanto o Ceará procurou um homem sem ver e sem se lembrar do Major Capote?
Coisas da vida!”

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 404-405.

Hippolyto Cassiano Pamplona


Hippolyto Cassiano Pamplona (Des.)—Nasceu em Aracati a 2 de Março de 1819, sendo seus paiss o Ten. Cel. José Pamplona, filho de Hippolyto Cassiano Pamplona e de Dª Erigida Leonarda da Silveira, e Dª Angélica Rosa Pamplona, filha de João Dias Martins, natural de Torres Vedras em Portugal e de Dª Maria da Piedade, natural de Pernambuco.
Tendo-se bacharelado em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Olinda em outubro de 1842, foi nomeado promotor público de Aracati (1845), juiz de direito da Comarca de S. Borja, em Rio Grande do Sul, de Imperatriz em Alagoas (1860), de Souza em Paraíba do Norte (1861),de Aquirás (Dec. de 6 de dezembro de 1864), e Desembargador da Relação de Ouro Preto por Dec. de 6 de outubro de 1881.
Foi ele quem inaugurou a comarca de Aquirás a 6 de fevereiro de 1865, servindo de promotor interino o Bel. Raimundo Teodorico de Castro Silva até que assumiu o exercício o Promotor público efetivo, Bel. José Joaquim Domingues Carneiro, hoje Senador da República.
Removido para a Relação do Ceará por Dec. de 25 de julho de 1882, foi a 12 de setembro de 1885 nomeado interinamente Procurador da Coroa, e a 17 de dezembro de 1889 seu Presidente, assumindo o exercício do cargo a 7 de janeiro de 1890.
Aposentado a pedido por Dec. de 29 de agosto de 1890, deixou o exercício a 22 de setembro.
Foi deputado provincial de 1846 a 1849, e com o presidente Tristão de Alencar assinou uma Mensagem nesse último ano pedindo a convocação de uma Assembleia Constituinte, e mais tarde no biênio de 1864, e deputado geral na eleição efectuada a 5 de março de 1867.
Com José Liberato Barroso fundou o Aracati, jornal liberal, cujo 1º nº é de 7 de setembro de 1859.
Faleceu em Fortaleza a 10 de maio de 1895, deixando de seu consórcio, celebrado a 25 de maio de 1876 com Dª Thereza Maria de Castro Pamplona, filha do Cel. Adherbal Tito de Castro e Silva, três filhos: José Pamplona, Dª Marieta Pamplona e Adherbal Pamplona.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 378-379.

Henrique Graça


Henrique Graça (Bel.)—Filho do Conselh. José Pereira da Graça (Barão do Aracati), e de Dª Maria Adelaide da Graça, e nascido no Aracati a 21 de maio de 1854.
Bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de S. Paulo em 1880, foi promotor público de Itaguaí, juiz municipal de S. Maria Magdalena, juiz de direito de Parati, Teresópolis e Niterói e atualmente exerce esse cargo em Valença, Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 366.

Geminiano Maia


Geminiano Maia (Barão de Camocim)—Nasceu em Aracati a 2 de fevereiro de 1847 e foram seus pais Cosme Affonso Maia e Dª Theresa de Jesus Maia, falecida em Fortaleza a 6 de maio de 1882.
Dedicando-se à carreira do comércio fundou com seus irmãos José e Vicente Maia em Fortaleza o estabelecimento denominado O Louvre, que em seu tempo teve grande nomeada.
Em 1881 foi nomeado Cônsul da Bolívia e em 1889 vice-Cônsul da Rússia no Ceará.
Homem de fortuna e dotado de sentimentos filantrópicos, Geminiano Maia tem seu nome inscrito entre os dos protetores de vários estabelecimentos de caridade da antiga província.
Em princípios de 1893 o Governo Português tendo em atenção os méritos desse nosso patrício concedeu-lhe o título de Barão de Camocim.
Dois dias antes da proclamação da República o Governo Imperial nomeara-o 5º vice-presidente da Província.
É atualmente o presidente da Associação Comercial do Ceará, devendo-se principalmente a seus esforços a construção do Palacete Guarani, donde ela funciona e que foi inaugurado a 20 de dezembro de 1908.
Encontram-se o retrato e a biografia do Barão de Camocim n'A Folha do Comércio, de Lisboa, n.º 22 de julho de 1893, e no Álbum dos Contemporâneos Ilustres, Redação e Administração em Lisboa 58 Rua Alexandre Herculano, 1893.
Publicou:
Relatório da Associação Comercial do Ceará apresentado pela respectiva diretoria na sessão de Assembleia Geral, realizada no dia 30 de outubro de 1906, para a eleição de nova diretoria. Fortaleza Tip. Minerva, de Assis Bezerra, 1906.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 337-338.

Francisco Leite Barbosa


Francisco Leite Barbosa (Mons.)—Filho de José Batista Leite e Dª Maria Angélica Barbosa Leite, nascida a 16 de Janeiro de 1816 e falecida em Fortaleza a 24 de março de 1906, nasceu no lugar denominado Barreiros, termo da cidade do Aracati, a 13 de dezembro de 1847.
Foram seus avós paternos João Batista Leite e Dª Maria de Holanda Leite e maternos Francisco Xavier Barbosa, um dos irmãos do Capitão-mor Joaquim José Barbosa, e Dª Florencia de Oliveira Barbosa.
É um cearense que se tornou digno de gratidão dos patrícios no Pará e no Amazonas pois devido a recomendações suas ao Bispo D. Antônio Macedo Costa se ordenaram muitos moços cearenses.
Foi para o Pará com destino a França em 1865, mas recolheu-se ao Seminário dali por conselho do citado Bispo D. Antônio Macedo Costa e nele fez os seus estudos de preparatórios e em seguida o curso de teologia moral e dogmática.
Ordenou-se a 13 de fevereiro 1876, sendo a 10 de março nomeado professor do Seminário, cargo que exerceu até 1878.
Por carta da Princesa Isabel foi nomeado a 20 de setembro do dito ano de 1876 Beneficiado do Cabido da Catedral do Pará.
Em 1878 acompanhou o Bispo D. Antônio de Macedo Costa em uma visita pastoral ao Rio Purús, onde ficou como vigário de Labrea, criada e canonicamente constituída sob a invocação de N. S. de Nazareth, por nomeação de 7 de setembro.
Em 1892 foi nomeado Cônego Honorário da Catedral do Pará por portaria de 23 de abril do Bispo D. Jerônimo Thomé da Silva.
A 24 de dezembro de 1895 foi nomeado Cônego assistente ao sólio episcopal do Amazonas por portaria de D. José Lourenço da Costa Aguiar e nomeado Monsenhor em 1896 pelo Santo Padre Leão XIII.
Publicou em Agosto de 1903 um folheto sob o título Matriz da Labrea, balancete da Receita e Despesa relativamente aos trabalhos da Igreja de N. S. de Nazareth, iniciados sob sua direção a 11 de agosto de 1902, um outro sob o título Balancete da receita e despesa com as obras da nova Matriz de N. S. de Nazareth da Labrea 1903-1904, Empresa Tipográfica, 27 Rua Major Facundo, Fortaleza e um 3º sob o título Relatório apresentado ao Exmo. e Revmo. Sr. Bispo do Amazonas D. Frederico Costa em 1908, Fortaleza, Typ. Minerva.
José Bonifácio de Salasar, que é bisavô de Monsenhor Leite e igualmente do Barão de Camocim, era natural da freguesia de Russas, e filho de Luiz José de Mendonça, português, e de Dª Joanna Francisca de Luna, da Paraíba; casou a 30 de maio de 1775 com Dª Luzia Michaela de Mendonça, natural de Russas, e filha de Ignacio da Silveira Bezerra, natural de Paraíba e de Dª Izabel Maria de Lima, natural de Russas.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 303-304.

Emília Freitas


Emília Freitas (Dª)—Filha do Tenente-coronel Antônio José de Freitas e de Dª Maria de Jesus Freitas, nasceu em Aracati a 15 de Janeiro de 1855, e em uma aula pública dessa cidade recebeu a instrução primária. Com a morte do pai em 1869 na vila, à época cidade da União, hoje Jaguaruana, retirou-se para Fortaleza entregando-se então ao estudo das línguas inglesa e francesa e da geografia. Em 1885 frequentou a Escola Normal de Fortaleza.
Desde dezembro de 1892 Emília Freitas, acompanhando um irmão, Alfredo Freitas, transferiu a residência para Manaus, capital do florescente Estado do Amazonas e aí exerceu o cargo de professora do Instituto Benjamin Constant, estabelecimento que funciona às expensas do governo estadual e que é destinado à instrução primária e secundária de meninos, até 1900, quando voltou ao Ceará acompanhando seu marido, o jornalista Arthunio Vieira, que foi redator do Jornal de Fortaleza. Voltando de novo a Manaus, aí faleceu a 18 de agosto de 1908.
Colaborou a contar de 1873 em vários jornais da antiga província, como o Libertador, Cearense, O Lyrio, A Brisa, sendo os dois últimos exclusivamente literários, e no Amazonas Commercial e Revelação, do Pará.
Muitas de suas poesias esparsas pelas colunas dos citados jornais, e outras foram por ela colecionadas num volume, a que deu o titulo Canções do lar, Fortaleza, Typ. Universal, Rua Formosa 38, Cunha, Ferro & Cª, 1891, 310 pp., com uma introdução sob o título Aos censores.
Em 1899 publicou A Rainha do Ignoto (romance psicológico), in 8º de 456 pp., saído da mesma typografia. É de sua pena também o romance O Renegado.
Dª Emilia Freitas era bisneta de Damião Pereira de Oliveira, que foi casado com Dª Maria Magdalena Ferreira de Mello, filha de Antônio Ferreira de Mello, de Goyanna, e de Dª Isabel da Rocha Maciel, e neta paterna de Raphael Ferreira de Mello e de Dª Maria Maciel e materna de Manoel Duarte da Cruz e de Dª Isabel da Rocha Maciel, portugueses.
Damião Pereira foi irmão de Cláudio Pereira de Oliveira (bisavô de Mons. Bruno de Figueredo), de Vicente Pereira de Oliveira (bisavô do Mons. Liberato Dyonisio da Costa), de Jacintho Marques de Oliveira (bisavô do negociante Joaquim Felício de Oliveira Lima), de Manoel Marques de Oliveira (bisavô do Cel. Francisco Antônio de Oliveira, de Baturité), de José Francisco de Oliveira (bisavô de Mons. Luiz Gonzaga), e de João Marques de Oliveira (tataravô de Francisco das Chagas, de Pacatuba).

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 242-243.

Eduardo Francisco Nogueira Angelim


Eduardo Francisco Nogueira Angelim — Descendente da antiguíssima família Nogueira, nasceu no Aracati a 6 de Julho de 1814.
Emigrando para o Pará por ocasião da seca de 1825, foi ali figura saliente nos motins de 1835 chegando a ocupar a presidência da Província. Sendo preso, foi deportado para o Rio de Janeiro e daí mandado para Fernando Noronha onde jazeu por anos.
Escreveu Memórias históricas, segundo afirma Gonçalves Dias, seu grande entusiasta, e que o tinha em conta do Garibaldi Brasileiro.
Faleceu no Pará a 20 de julho de 1882, sendo seu cadáver levado para o engenho Madre de Deus e sepultado na respectiva capela junto ao túmulo da esposa.
João Brígido, que o conheceu pessoalmente, descreve-o como ”homem de estatura que dava na craveira cearense, branco com laivos de caboclo, a tez de jambo tostada do sol, a cabeça chata, pescoço grosso e curto, cabelos corridos e negros, os pés pequenos, o peito largo, a musculatura e pose de um gladiador. Falava com timbre agudo e sonoro, inflexões rápidas, mímica nn:i expressiva, os pequenos olhos, cintilando. Movimentava-se, ágil como um gamo. Falava com correção, o vernáculo do Ceará, abundando em imagens e cortesias”.
A Revista do Instituto do Pará, vol. I n. 1º, insere em artigo firmado por Bento Aranha a Ata da reunião em que o povo de Tefé aclamou presidente legal da Província ao Chefe dos Cabanos, Eduardo Angelin (19 de maio de 1836) de acordo com seus partidários de Manaus, Óbidos (Pauxis), Iquipiranga e Santarém (Tapajós),
Tratando desse cearense escreveu um jornal de Belém : “Faleceu ontem nesta cidade Eduardo Francisco Nogueira Angelim, a figura mais notável da revolução de  1835 denominada a cabanagem.
Moço ainda, viera do Ceará, sua província natal, e tinha 23 anos apenas, quando os azares da revolta colocaram-no no posto de Comandante do Corpo de polícia.
Governava a anarquia, sob a sanguinária pressão de Francisco Pedro Vinagre, apossado da administração a 31 de fevereiro de 1835 após o fuzilamento do presidente, também rebelde, Felix Antônio Clemente Malcher.
Com a prisão desse homem terrível a bordo da fragata Conquista”, e o abandono da cidade pelo presidente Marechal Manoel Jorge Rodrigues a 21 de agosto Angelim empunhou o bastão da governança.
O que foi o seu governo não são os contemporâneos que o dirão—é fácil de compreender a energia de um rapaz pouco instruído, cioso de sua autoridade, lutando contra o desenfreamento das paixões dos seus próprios a quem tivera de conter muitas vezes, fazendo-os passar pelas armas.
O que, porém, ninguém contestará é que Eduardo Angelim, dócil a paternal intercessão do prelado D. Romualdo de Souza Coelho, protegeu a um grande número de infelizes condenados ao roubo à morte e à desonra.
Um fato releva não esquecer: Eduardo, ao deixar a cidade a 13 de maio de 1836, quando entrava o General Andréa, entregou a aquele prelado todo o dinheiro que achou nos cofres públicos.
Foi um funcionário honradíssimo. Em um livro inédito que deixou denuncia um outro fato, que não o honrará menos—recusou recursos militares do governo Americano para proclamar a independência do Amazonas.
Preso posteriormente, esteve dez anos na Ilha de Fernando, onde a instâncias de Thephilo Ottoni foi busca-lo a anistia Imperial.
Há muitos anos quebrado de forças, ralado de desgostos, vivia em seu engenho Madre de Deus onde, foi sua última vontade, ordenou que fosse o seu jazigo. Foi o 13º administrador da província e faleceu com 68 anos”.
Sobre Eduardo Angelim leiam-se os Motins Políticos do Dr. Rayol.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 229-231.

Domingos José Pereira Pacheco


Domingos José Pereira Pacheco (Dr.)—Nasceu a 21 de novembro de 1832 e faleceu a 9 de maio de 1887 em Aracati vítima de um carcinoma da face. Era filho de Domingos José Pereira Pacheco. Cirurgião mor da Guarda Nacional do Aracati.
Para receber o diploma de Doutor em Medicina escreveu a monografia:
—Dos aneurismas externos. Definição e divisão. Tese apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e perante ela sustentada na presença de S. M. o Imperador a 20 de novembro de 1857.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 226.

Domingos José Nogueira Jaguaribe


Domingos José Nogueira Jaguaribe (Visconde de Jaguaribe)—Nasceu na cidade do Aracati a 14 de setembro de 1820, sendo seus genitores o Capitão João Nogueira dos Santos e Dª Joanna Maria da Conceição.
Matriculou-se na Academia de Olinda em 1841, e no seu 2º ano já tomava assento, como suplente de deputado, na Assembléia Provincial do Ceará.
Em 1845 tomou o grau de Bacharel em Direito, sendo nomeado Promotor Público de Sobral, e depois da comarca da Fortaleza, Capital da Província.
No biênio de 1850 a 1851 foi eleito deputado provincial, e na 1ª sessão eleito presidente da Assembléia, redigindo ao mesmo tempo o Pedro II, órgão do partido conservador, em cujas fileiras militou.
Para a legislatura de 1853 a 1856 foi eleito deputado geral, e na 1ª sessão da Câmara eleito 2º secretário. Nessa legislatura distinguiu-se na tribuna, proferindo um discurso sobre a instrução, que mereceu do Visconde de Castilho muitos elogios em carta que foi publicada no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro e transcrita no Pedro II.
Foi eleito ainda na seguinte legislatura de 1857 a 1860 pelo 4º distrito com sede em Baturité e também na de 1861 a 1864 pelo 2º distrito com sede em Sobral.
Na legislatura de 1864 a 1866, já no  domínio liberal, conseguiu no 2º ano ser eleito pelo 1º distrito em substituição ao deputado Dr. Frederico Augusto Pamplona, que falecera.
Subindo os conservadores ao poder em 1867, Jaguaribe, que se achava a esse tempo fora do país, em uma comissão patriótica, no Paraguai, foi eleito deputado geral pelo 1º distrito da sua Província, sendo seu nome incluído em lista sêxtupla senatorial, e escolhido senador do Império no ano seguinte.
Fez parte do glorioso ministério de 7 de março de 1871, presidido pelo Visconde do Rio Branco, com a pasta da guerra, sendo agraciado, após a libertação dos escravos no Brasil, com o título de Visconde de Jaguaribe com grandeza.
Na magistratura, foi Juiz de Direito das comarcas de Inhamuns, do Crato e de Sobral, em que se aposentou para desincompatibilisar-se para a eleição de deputados gerais; mas em 1872 foi reintegrado na magistratura sendo nomeado juiz dos Feitos da Corte, lugar que exerceu até a proclamação da República, quando foi nomeado Desembargador da Relação do Recife, donde pouco depois foi removido para, a da Capital Federal.
Na Capital do Ceará fundou em 1862 o jornal Constituição, órgão do partido conservador, e ocupou o lugar de lente de Retórica do Liceu, no qual se aposentou em 1874. Foi também Diretor do Liceu e Inspetor geral da instrução pública.
De volta de sua visita e despedida aos patrícios e amigos no Ceará, faleceu repentinamente na Capital Federal a 5 de junho de 1890 e sepultou-se no Cemitério de S. Francisco Xavier, com 69 anos de idade.

Publicou:
—Discurso proferido na sessão 1º de março de 1877 a propósito da eleição senatorial do Rio Grande do Norte.
—Discurso pronunciado no Senado na sessão de 15 de junho de 1880 sobre limites entre as províncias do Ceará e do Piauí, impresso na Typ. Nacional, Rio de Janeiro, 1880, in 8º peq., de 78 pp.
—Discurso pronunciado no Senado na sessão de 23 de agosto de 1880 sobre o Orçamento do ministério do Império, Rio de Janeiro, Typ. Nacional, 1880, i n 8º de 96 pp.
—Exposição que faz o Senador Domingos José Nogueira Jaguaribe, Presidente da Comissão Central Cearense, acerca da Subscrição promovida nesta Corte e Províncias vizinhas em favor dos infelizes flagelados pela seca do Ceará. À essa exposição vem juntos como apêndice Artigos escritos pelo Dr. Liberato de Castro Carreira sobre a Seca do Ceará e publicados no Jornal do Commercio (1877-78).
--- Brasil antigo Atlantide e Antiguidades Americanas, 1910, Casa Garraux, S. Paulo.
--- Discursos lidos pelo Dr. Domingos Jaguaribe, Presidente do 2º Congresso de Geografia, por ocasião da abertura e do encerramento do mesmo, 1910, Casa Garraux, S. Paulo.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 219-221.

Domingos Carlos de Sabóia


Domingos Carlos de Sabóia (Pe.) — Neto do Dr. José Baltasar Augerio e filho do cirurgião licenciado Luiz Carlos de Sabóia, que faleceu a 1 de julho de 1823, e de sua mulher Dª Ignacia Maria de Sabóia, nasceu em Aracati a 2 de junho de 1804, e aí estudou as primeiras letras e fez o curso de latim com o Pe. Gonçalo Mororó.
Imbuído nas ideias de liberdade, tomou parte na grande reunião popular celebrada a 17 de julho de 1821 no Paço da Câmara Municipal para o juramento de adesão à Constituição, que fosse promulgada nas Cortes de Lisboa.
Encaminhando-se sua vocação para o sacerdócio, partiu para Pernambuco em cujo Seminário ordenou-se aos 22 anos tendo para isso obtido despensa de idade, e de volta ao Ceará foi nomeado coadjutor do vigário de Aquirás com residência em Cascavel.
Instalada a vila de Cascavel a 17 de outubro de 1833, a Câmara Municipal nomeou-o para o cargo de Promotor Público.
Nomeado Vigário colado da freguesia de Cascavel por ato de 11 de abril de 1834 do Conselho do Governo da Província e confirmada a nomeação pelo Bispo D. João da Purificação Marques Perdigão, começou a exercer suas funções a 7 de outubro do dito ano.
Foi deputado provincial nos biênios de 1838 a 1841, 1846 a 1847 e deputado geral na Legislatura de 1848 a 1851.
Faleceu em Cascavel a 24 de junho de 1862.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 216-217.