Sob uma época banhada pelos dissabores da I
Guerra Mundial, nasceu aos sete dias do mês de novembro de 1914, na comunidade
do Jardim, Fortim, então distrito de Aracati, Raimundo Ribeiro de Moura, filho
de Ana Ribeiro de Moura e Manoel César de Moura.
Seu nome fora modificado quando
tinha quinze anos. "Eu não gostava do nome Raimundo, viu? Um dia olhando a
"folhinha" vi no dia sete de novembro: Santo Herculano. Eu digo:
"Ôpa! Esse aqui é o meu, hein!" (Risos) Aí adotei Raimundo Herculano
de Moura. Fui registrado só como Raimundo. Mas depois eu mesmo fiz a petição
exigindo o nome Raimundo Herculano de Moura. Era só Raimundo. O que é Raimundo?
Não significava nada!" afirmou o poeta em entrevista cedida a Marciano
Ponciano. Posteriormente este material foi organizado e publicado com o título: Um Olhar para o
Tempo no livro Coisas Velhas Saídas da
Beira do Túmulo de autoria de Raimundo Herculano de Moura.
A saudade é a palavra que mais
traduz a poesia de Raimundo Herculano de Moura. Uma alcunha que se inscreve com
grafia mordaz no memorial aracatiense. Quem gozou de sua presença sabe o quanto
foi sublime e sábio em expressar o simples. Raimundo Herculano de Moura foi um
poeta que cantou a dor, o amor, a beleza, o ser humano, a natureza, a cidade, o
Aracati. Fez votos de modéstia por toda sua existência. Em seu poema "Meu
Diploma" o poeta nos expõe de maneira muito sucinta sua formação escolar:
"Nunca cursei faculdade/ Nem de Paris nem de Roma,/ Mas tive a felicidade/
de ganhar este DIPLOMA,... Sem possuir documento/ de qualquer Curso
Escolar,/Ser parceiro de Jumento/ É o que eu podia esperar..." O poema
descreve sua filiação no Clube Mundial do Jumento a convite do Padre Antônio
Vieira. Em sua residência situada à Rua Grande, o quadro de moldura muito
simples revela o único diploma que recebeu e que sempre o teve como símbolo de sua
irreverência nata.
Um poeta tardio
Em 1937, aos 23 anos de idade,
escreve sua primeira composição poética, um soneto intitulado "A
Partida", vindo a publicá-lo na Revista Iara fundada por Aluísio de
Queiroz e patrocinada pelo Centro Estudantil Aracatiense. Cauteloso com a
crítica local resolve assinar o poema com o pseudônimo de "Índio
Moreno". "Tive um pseudônimo como medo da crítica. Índio Moreno
porque moreno é a minha cor e o índio é de desconfiado como eu sou." Pôde
posteriormente presenciar comentários da
obra do tal "Índio Moreno" que foram os melhores por sinal.
Raimundo Herculano de Moura foi
colaborador de diversos jornais a exemplo de O Jaguaribe, Alvorada, Tribuna do
Povo, Gazeta do Vale dentre outros que tiveram circulação local e regional.
Exerceu diversas funções de Guarda Chefe da Malária a vereador.
Fonte: http://www.luacheia.art.br/new/index.php/aracati/biog/item/70-de-quantas-saudades-%C3%A9-feito-o-homem
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