João Antônio Capote—Nasceu em Aracati a 14 de julho de 1828. Era filho
de Antônio José Pereira Capote e Dª Maria Joaquina Copote.
Chegando a Fortaleza, empregou-se como caixeiro de
Victoriano Augusto Borges, com quem esteve algum tempo. Depois de deixar esse
emprego, ocupou-se em fazer transportar para a cidade em carros de boi de sua
propriedade as cargas da Alfândega para casas comerciais, e fazendo nisso um
pecúlio se estabeleceu com uma casa de fazendas na praça do Ferreira em frente
ao sobrado dos negociantes Gradvohl Frères.
Depois de estar em Pernambuco cerca de um ano seguiu
em 1857 para o Rio de Janeiro, e aí estabeleceu-se com loja de ourives à rua do
General Câmara, canto da dos Ourives, de sociedade com o profissional cearense,
de nome Luiz Joaquim de Oliveira, e entregou-se a diversos ramos de negócios.
Entre vários fatos de sua vida no Rio de Janeiro são
dignos de menção a compra que fez em 1865 da Fazenda Solitário que ele denominou
Santa Fé e onde teve ocasião de hospedar o Imperador e sua comitiva quando foi
feita Estação da Estrada de Ferro Central; a luta que em 1872 travou com o
Visconde do Rio Branco por causa da nomeação de Bernardino Pacheco para
tesoureiro do Tesouro no Ceará, sua prisão por queixa do dito Bernardino
Pacheco e indulto pelo Imperador; a denúncia que deu contra o Visconde do Rio
Branco em 1873; os relevantes, os inolvidáveis serviços que prestou aos seus
patrícios na seca de 1877-78.
É notável a lista de moços cearenses cuja educação ele
promoveu ou auxiliou; basta citar os nomes do Dr. Cesidio Samico, Alfredo de
Carvalho, José Pereira Valente, Roberto Samico, Carlos Miranda, Dr. Domingos J.
N. Jaguaribe, Joaquim de Carvalho, Dr. Antônio J. Capote Valente, João Pedro
Damasceno, Dr. Tristão Eugênio da Silveira, Engenio Tristão da Silveira e
outros.
Vítima de padecimentos pulmonares, faleceu a 26 de abril
de 1879 e está enterrado no Cemitério de S. Francisco Xavier.
Ferreira de Menezes, o grande folhetinista, escreveu
na Gazeta de Notícias estes trechos, que pintam bem quem foi o Major J. Capote:
“... Não acaba de acontecer isto com o Major Capote?
Ele passava por aí sempre modesto, ninguém o
apontava.
Alguém lembrou-se um dia de escrever que ele estava
no caso de representar sua província no Senado. O que? O Major Capote? Ora... E
meia dúzia de tolos pôs-se às gargalhadas. Pois bem, agora que o viram morto, é
que mediram de que tamanho era esse homem de bem, esse homem de caráter e
apreciaram a enorme boca esfomeada que ele enchia com as suas esmolas! Então
abundantemente, nos seus funerais, não houve quem não dissesse:
Quem melhor, e mais legitimamente que esse homem
poderia representar o Ceará? ele, simples indivíduo, aliviou tão corajosamente
uma província inteira!
Quantas vezes entretanto o Ceará procurou um homem
sem ver e sem se lembrar do Major Capote?
Coisas da vida!”
Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 404-405.
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