Eduardo Francisco
Nogueira Angelim —
Descendente da antiguíssima família Nogueira, nasceu no Aracati a 6 de Julho de
1814.
Emigrando para o Pará por ocasião da
seca de 1825, foi ali figura saliente nos motins de 1835 chegando a ocupar a
presidência da Província. Sendo preso, foi deportado para o Rio de Janeiro e
daí mandado para Fernando Noronha onde jazeu por anos.
Escreveu Memórias históricas, segundo
afirma Gonçalves Dias, seu grande entusiasta, e que o tinha em conta do Garibaldi
Brasileiro.
Faleceu no Pará a 20 de julho de 1882,
sendo seu cadáver levado para o engenho Madre de Deus e sepultado na respectiva
capela junto ao túmulo da esposa.
João Brígido, que o conheceu
pessoalmente, descreve-o como ”homem de estatura que dava na craveira cearense,
branco com laivos de caboclo, a tez de jambo tostada do sol, a cabeça chata,
pescoço grosso e curto, cabelos corridos e negros, os pés pequenos, o peito
largo, a musculatura e pose de um gladiador. Falava com timbre agudo e sonoro,
inflexões rápidas, mímica nn:i expressiva, os pequenos olhos, cintilando.
Movimentava-se, ágil como um gamo. Falava com correção, o vernáculo do Ceará,
abundando em imagens e cortesias”.
A Revista do Instituto do Pará, vol. I
n. 1º, insere em artigo firmado por Bento Aranha a Ata da reunião em que o povo
de Tefé aclamou presidente legal da Província ao Chefe dos Cabanos, Eduardo
Angelin (19 de maio de 1836) de acordo com seus partidários de Manaus, Óbidos
(Pauxis), Iquipiranga e Santarém (Tapajós),
Tratando desse cearense escreveu um
jornal de Belém : “Faleceu ontem nesta cidade Eduardo Francisco Nogueira
Angelim, a figura mais notável da revolução de
1835 denominada a cabanagem.
Moço ainda, viera do Ceará, sua
província natal, e tinha 23 anos apenas, quando os azares da revolta
colocaram-no no posto de Comandante do Corpo de polícia.
Governava a anarquia, sob a
sanguinária pressão de Francisco Pedro Vinagre, apossado da administração a 31
de fevereiro de 1835 após o fuzilamento do presidente, também rebelde, Felix Antônio
Clemente Malcher.
Com a prisão desse homem terrível a
bordo da fragata Conquista”, e o abandono da cidade pelo presidente Marechal
Manoel Jorge Rodrigues a 21 de agosto Angelim empunhou o bastão da governança.
O que foi o seu governo não são os
contemporâneos que o dirão—é fácil de compreender a energia de um rapaz pouco
instruído, cioso de sua autoridade, lutando contra o desenfreamento das paixões
dos seus próprios a quem tivera de conter muitas vezes, fazendo-os passar pelas
armas.
O
que, porém, ninguém contestará é que Eduardo Angelim, dócil a paternal
intercessão do prelado D. Romualdo de Souza Coelho, protegeu a um grande número
de infelizes condenados ao roubo à morte e à desonra.
Um fato releva não esquecer: Eduardo,
ao deixar a cidade a 13 de maio de 1836, quando entrava o General Andréa,
entregou a aquele prelado todo o dinheiro que achou nos cofres públicos.
Foi um funcionário honradíssimo. Em um
livro inédito que deixou denuncia um outro fato, que não o honrará
menos—recusou recursos militares do governo Americano para proclamar a
independência do Amazonas.
Preso posteriormente, esteve dez anos
na Ilha de Fernando, onde a instâncias de Thephilo Ottoni foi busca-lo a anistia
Imperial.
Há muitos anos quebrado de forças,
ralado de desgostos, vivia em seu engenho Madre de Deus onde, foi sua última
vontade, ordenou que fosse o seu jazigo. Foi o 13º administrador da província e
faleceu com 68 anos”.
Sobre Eduardo Angelim leiam-se os
Motins Políticos do Dr. Rayol.
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