segunda-feira, 11 de março de 2013

Antônio Saboya de Sá Leitão


Antônio Saboya de Sá Leitão (Bel. e Pe.)—Descen­dente pelo lado materno das famílias Castro e Saboia, nasceu a 21 de setembro de 1842 em Aracati.
Seu pai, José de Sá Leitão, administrador das Rendas Gerais de Aracati, que faleceu a 21 de julho de 1879, era natural de Pernambuco, e sua mãe, Dª Carlota Maria de Saboia, natural do Aracati, e falecida a 5 de janeiro de 1849, era neta dos dois troncos principais das citadas famílias, José de Castro Silva 1.° e Dr. Baltazar de Saboia.
Aprendeu primeiras letras em casa com seu pai, e de­pois o latim com o professor Porfírio Sérgio de Saboia con­tinuando o estudo dessa língua juntamente com o de outros preparatórios no Recife, para onde seguiu em junho de 1858.
Indeciso ao princípio sobre a carreira a abraçar resol­veu-se afinal a formar-se em direito vindo a matricular-se na Faculdade dali em 1862.
Concluído o curso acadêmico em 1866, recebeu em seguida o grau de Bacharel e logo pensou em dedicar-se à magistratura.
Um amigo da família, que se achava no Pará, obteve-Ihe a nomeação de promotor público de Gurupá, nomeação que não aceitou por preferir ficar no Ceará.
Estando em Aracati desde março de 1867 aí começou a praticar como advogado, mas no fim do mesmo ano foi nomeado promotor do Icó, emprego de que tomou conta em janeiro de 1868, e apenas exerceu por seis meses, pois a mudança de política, que houve nesse ano, o fez remover para Imperatriz (Itapipoca), aí permanecendo até julho de 1872, quando, completado o quatriênio, pediu exoneração e voltou para Aracati.
Em 1873 foi nomeado juiz municipal de Chaves, no Pará, emprego de que, aliás, não se aproveitou.
Em 1875, graças a seu mestre e amigo Conselheiro Bandeira de Mello Filho, teve a nomeação de promotor do Assú e ali se conservou até março de 1877 seguindo então para o Recife, com destino ao Rio de Janeiro afim de soli­citar o despacho de juiz de direito, favor que lhe obteve seu primo o Visconde de Saboia, a 29 de dezembro do dito ano, sendo designado para servir na comarca de Jeromenha, no Piaui. Excedeu de onze anos sua judicatura em Jeromenha iniciada a 24 de julho de 1878.
Alcançando uma licença em 1879, o Dr. Sá Leitão tra­tou de gozá-la no Aracati e foi então que fundou a primeira Conferência da Sociedade de S. Vicente de Paulo que surgiu no Ceará, solo ubérrimo para árvore de tão abençoados frutos.
A data escolhida para realização desse acontecimento importante da história religiosa do Ceará foi o dia 8 de dezembro, e a Conferência instalada colocou-se sob o patrocínio de S. Francisco de Assis.
Hoje a pequena semente plantada no Aracati pelo Dr. Sá Leitão é arvore frondosa sob cujos galhos se aninham mi­lhares de pobres e infelizes, pois se contam no Estado 165 Conferências funcionando sob as vistas de 32 Conselhos.
Em junho de 1890 foi o Dr. Sá Leitão removido por ato do Governo Provisório para a comarca do Aracati, mas na organização judiciaria, feita pelo Coronel José Clarindo de Queiroz, em 1891, coube-lhe a comarca do Icó.
Poucos dias depois de haver tomado conta dessa co­marca entrou no gozo de uma licença, e promovia sua volta para a terra do berço quando sobreveio a deposição do General.
A   nova   organização da magistratura do Estado à que se procedeu em fevereiro não contemplou esse distinto e íntegro funcionário ficando ele, portanto, em disponibilidade.
Trez anos e alguns meses depois o Governo Federal o aposentou forçadamente como a muitos outros magistrados pelo célebre Dec. de 25 de julho de 1895; sendo, porém, anulado esse ato do poder executivo, reverteu ele à dis­ponibilidade.
Em outubro de 1889 fora agraciado pelo Governo Im­perial com o Oficialato da Rosa.
Todo entregue às obras de piedade e caridade em que se salienta como belo modelo de cristão prático, o Dr. Sá Leitão recebeu a 3 janeiro (1904) ordens sacras no Seminário de Pernambuco e cantou sua primeira missa dia da Epifania.
A Revista Paulista Santa Cruz, ano IX, n.° de julho de 1909, traz a biografia do venerando sacerdote acompa­nhando-a de uma interessante fotografia, que o representa circundado de seus nove filhos, dos quais um, que foi discípulo dos Salesianos, acaba também de receber ordens sacras.
Escreveu :
Exposição do presidente do Conselho Particular de Aracati, lida na Assembleia Geral de 8 de dezembro de 1904, festa da Imaculada Conceição, 50º aniversário da definição do Dogma e 25º da fundação da primeira Conferência da Sociedade de S. Vicente de Paulo do Ceará. Encontra-se pu­blicada essa Exposição na Revista do Conselho Central da Sociedade de S. Vicente de Paulo do Ceará, n.° de janeiro de 1905.
São os seguintes os irmãos do Dr. Antônio Saboia de Sá Leilão, todos nascidos no Aracati.
1—Dª Maria Carlota de Sá Leitão, nascida a 26 de julho de 1832 e falecida, inupta, a 2 de maio de 1878.
2—José de Sá Leitão Júnior, nascido a 16 de setembro de 1833. Aos 19 anos seguiu para Pernambuco, onde estu­dou preparatórios, empregando-se depois em uma importante casa comercial como guarda-liyros. Mais tarde estabeleceu-se, fazendo sociedade com dois de seus irmãos, e chegou a ocupar uma posição vantajosa, mas revezes que sobrevieram puzeram a casa em liquidação.
Casou-se em primeiras núpcias com sua prima legítima Dª Emília Alexandrina Coimbra, que faleceu a 28 de setembro de 1865 e em segundas núpcias com Dª Ermelinda Vaz de Car­valho, em 1872, tendo deste consórcio filhos em número de sete.
3—Dª Ana Alexandrina do Rego Valença, nascida a 1º de janeiro de 1835. Na idade de 22 anos foi ao Recife visitar uma sua tia e madrinha, e aí casou-se a 17 de novembro de 1859 com João Bernardo do Rego Valença, na­tural daquela cidade. Este faleceu em dezembro de 1884, deixando oito filhos.
4—Dª Carlota Ursula de Sá Monteiro, nascida em março de 1836, e casada com Raimundo Monteiro da Silva, natural também do Aracati. Ambos já faleceram, deixando seis filhos, dos quais cinco residem em Assú, Rio Grande do Norte, e um no Pará.
5—Dª Francisca Carlota de Sá Leitão, nascida a 23 de janeiro de 1838.
6—Manoel de Sá Leitão, casado, residente no Limoeiro em Pernambuco, nasceu a 26 de maio de 1839, e em 1856 seguiu para o Recife empregando-se na mesma casa co­mercial em que achava-se seu irmão José. de quem depois foi sócio. De seu casamento com sua prima Dª Ana Ale­xandrina Coimbra teve cinco filhos, dos quais restam três.
7—Joaquim de Sá Leitão, residente em Assú, Rio Grande do Norte. Nasceu a 21 de março de 1844 e seguiu para o Recife em 1862. Ao princípio foi caixeiro do seu irmão José e depois sócio. Desde que extinguiu-se a sociedade, ficou resi­dindo no Assú, onde tinha ido a negócio. Aí casou-se em 1876 com Dª Ana de Araújo Furtado, que veio a falecer em 1894, deixando cinco filhos.
8—João de Sá Leitão, nascido a 13 de novembro de 1845. Negociante. Casou-se, mesmo no Aracati, em maio de 1876 com Dª Thereza Astudilo y Bussons, e faleceu a 1º de outubro de 1878.
9—Dª Ursula Carlota de Sá Leitão, nascida a 28 de maio de 1848.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 129-133.

Um comentário:

  1. Há algum registro dos filhos do Dr. Antonio Saboya de Sá Leitão?

    Celso de Sá Leitão Dias

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