Antônio Saboya de Sá Leitão (Bel. e Pe.)—Descendente pelo lado materno das famílias Castro e Saboia,
nasceu a 21 de setembro de 1842 em Aracati.
Seu
pai, José de Sá Leitão, administrador das Rendas Gerais de Aracati, que faleceu
a 21 de julho de 1879, era natural de Pernambuco, e sua mãe, Dª Carlota Maria
de Saboia, natural do Aracati, e falecida a 5 de janeiro de 1849, era neta dos
dois troncos principais das citadas famílias, José de Castro Silva 1.° e Dr.
Baltazar de Saboia.
Aprendeu
primeiras letras em casa com seu pai, e depois o latim com o professor
Porfírio Sérgio de Saboia continuando o estudo dessa língua juntamente com o
de outros preparatórios no Recife, para onde seguiu em junho de 1858.
Indeciso
ao princípio sobre a carreira a abraçar resolveu-se afinal a formar-se em direito
vindo a matricular-se na Faculdade dali em 1862.
Concluído
o curso acadêmico em 1866, recebeu em seguida o grau de Bacharel e logo pensou
em dedicar-se à magistratura.
Um
amigo da família, que se achava no Pará, obteve-Ihe a nomeação de promotor público
de Gurupá, nomeação que não aceitou por preferir ficar no Ceará.
Estando
em Aracati desde março de 1867 aí começou a praticar como advogado, mas no fim
do mesmo ano foi nomeado promotor do Icó, emprego de que tomou conta em janeiro
de 1868, e apenas exerceu por seis meses, pois a mudança de política, que houve
nesse ano, o fez remover para Imperatriz (Itapipoca), aí permanecendo até julho
de 1872, quando, completado o quatriênio, pediu exoneração e voltou para
Aracati.
Em
1873 foi nomeado juiz municipal de Chaves, no Pará, emprego de que, aliás, não
se aproveitou.
Em
1875, graças a seu mestre e amigo Conselheiro Bandeira de Mello Filho, teve a
nomeação de promotor do Assú e ali se conservou até março de 1877 seguindo
então para o Recife, com destino ao Rio de Janeiro afim de solicitar o
despacho de juiz de direito, favor que lhe obteve seu primo o Visconde de
Saboia, a 29 de dezembro do dito ano, sendo designado para servir na comarca de
Jeromenha, no Piaui. Excedeu de onze anos sua judicatura em Jeromenha iniciada
a 24 de julho de 1878.
Alcançando
uma licença em 1879, o Dr. Sá Leitão tratou de gozá-la no Aracati e foi então
que fundou a primeira Conferência da Sociedade de S. Vicente de Paulo que
surgiu no Ceará, solo ubérrimo para árvore de tão abençoados frutos.
A
data escolhida para realização desse acontecimento importante da história
religiosa do Ceará foi o dia 8 de dezembro, e a Conferência instalada
colocou-se sob o patrocínio de S. Francisco de Assis.
Hoje
a pequena semente plantada no Aracati pelo Dr. Sá Leitão é arvore frondosa sob
cujos galhos se aninham milhares de pobres e infelizes, pois se contam no
Estado 165 Conferências funcionando sob as vistas de 32 Conselhos.
Em
junho de 1890 foi o Dr. Sá Leitão removido por ato do Governo Provisório para a
comarca do Aracati, mas na organização judiciaria, feita pelo Coronel José
Clarindo de Queiroz, em 1891, coube-lhe a comarca do Icó.
Poucos
dias depois de haver tomado conta dessa comarca entrou no gozo de uma licença,
e promovia sua volta para a terra do berço quando sobreveio a deposição do
General.
A nova
organização da magistratura do Estado à que se procedeu em fevereiro não
contemplou esse distinto e íntegro funcionário ficando ele, portanto, em
disponibilidade.
Trez
anos e alguns meses depois o Governo Federal o aposentou forçadamente como a
muitos outros magistrados pelo célebre Dec. de 25 de julho de 1895; sendo,
porém, anulado esse ato do poder executivo, reverteu ele à disponibilidade.
Em
outubro de 1889 fora agraciado pelo Governo Imperial com o Oficialato da Rosa.
Todo
entregue às obras de piedade e caridade em que se salienta como belo modelo de
cristão prático, o Dr. Sá Leitão recebeu a 3 janeiro (1904) ordens sacras no
Seminário de Pernambuco e cantou sua primeira missa dia da Epifania.
A
Revista Paulista Santa Cruz, ano IX, n.° de julho de 1909, traz a biografia do
venerando sacerdote acompanhando-a de uma interessante fotografia, que o
representa circundado de seus nove filhos, dos quais um, que foi discípulo dos
Salesianos, acaba também de receber ordens sacras.
Escreveu
:
—Exposição
do presidente do Conselho Particular de Aracati, lida na Assembleia Geral
de 8 de dezembro de 1904, festa da Imaculada Conceição, 50º aniversário da
definição do Dogma e 25º da fundação da primeira Conferência da Sociedade de S.
Vicente de Paulo do Ceará. Encontra-se publicada essa Exposição na
Revista do Conselho Central da Sociedade de S. Vicente de Paulo do Ceará, n.°
de janeiro de 1905.
São
os seguintes os irmãos do Dr. Antônio Saboia de Sá Leilão, todos nascidos no
Aracati.
1—Dª Maria Carlota de Sá
Leitão, nascida a 26 de julho de 1832 e falecida, inupta, a 2 de maio de 1878.
2—José
de Sá Leitão Júnior, nascido a 16 de setembro de 1833. Aos 19 anos seguiu para
Pernambuco, onde estudou preparatórios, empregando-se depois em uma importante
casa comercial como guarda-liyros. Mais tarde estabeleceu-se, fazendo sociedade
com dois de seus irmãos, e chegou a ocupar uma posição vantajosa, mas revezes
que sobrevieram puzeram a casa em liquidação.
Casou-se em primeiras núpcias com sua prima
legítima Dª Emília Alexandrina Coimbra, que faleceu a 28 de setembro
de 1865 e em segundas núpcias com Dª Ermelinda Vaz de Carvalho, em 1872, tendo
deste consórcio filhos em número de sete.
3—Dª
Ana Alexandrina do Rego Valença, nascida a 1º de janeiro de 1835. Na idade de
22 anos foi ao Recife visitar uma sua tia e madrinha, e aí casou-se a 17 de
novembro de 1859 com João Bernardo do Rego Valença, natural daquela cidade.
Este faleceu em dezembro de 1884, deixando oito filhos.
4—Dª
Carlota Ursula de Sá Monteiro, nascida em março de 1836, e casada com Raimundo
Monteiro da Silva, natural também do Aracati. Ambos já faleceram, deixando seis
filhos, dos quais cinco residem em Assú, Rio Grande do Norte, e um no Pará.
5—Dª
Francisca Carlota de Sá Leitão, nascida a 23 de janeiro de 1838.
6—Manoel
de Sá Leitão, casado, residente no Limoeiro em Pernambuco, nasceu a 26 de maio de 1839, e em 1856
seguiu para o Recife empregando-se na mesma casa comercial em que achava-se
seu irmão José. de quem depois foi sócio. De seu casamento com sua prima Dª Ana
Alexandrina Coimbra teve cinco filhos, dos quais restam três.
7—Joaquim
de Sá Leitão, residente em Assú, Rio Grande do Norte. Nasceu a 21 de março de
1844 e seguiu para o Recife em 1862. Ao princípio foi caixeiro do seu irmão
José e depois sócio. Desde que extinguiu-se a sociedade, ficou residindo no
Assú, onde tinha ido a negócio. Aí casou-se em 1876 com Dª Ana de Araújo
Furtado, que veio a falecer em 1894,
deixando cinco filhos.
8—João
de Sá Leitão, nascido a 13 de novembro de 1845. Negociante. Casou-se, mesmo no
Aracati, em maio de 1876 com Dª Thereza Astudilo y Bussons, e faleceu a 1º de
outubro de 1878.
9—Dª
Ursula Carlota de Sá Leitão, nascida a 28 de maio de 1848.
Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 129-133.
Há algum registro dos filhos do Dr. Antonio Saboya de Sá Leitão?
ResponderExcluirCelso de Sá Leitão Dias