segunda-feira, 11 de março de 2013

Régis Bernardo de Souza

O professor Régis, fundador do Externato Kennedy, foi um marco na educação de Aracati. Nasceu no dia 06 de janeiro de 1940. Filho de Antônio Bernardo de Souza e da professora Ângela Clotilde (Angelita), nasceu no dia 06 de janeiro de 1940. Régis Bernardo de Souza nasceu no dia 06 de janeiro de 1940. Filho do Funcionário da Mesa de Rendas Federal Antônio Bernardo de Souza e da professora Ângela Clotilde de Souza (Dona Angelita). Foi o mais jovem de uma família de 11 filhos, sendo duas irmãs por laços maternos e uma irmã por parte de pai. Três irmãos faleceram ainda pequenos. Nasceu em Aracati – Ceará, terra que o acolheu durante sua morada terrestre. Nesta cidade o menino Régis cresceu recebendo a formação de uma família de educadores. Francisca Clotilde, sua avó foi uma das primeiras professoras de Aracati, além de escritora, poeta e dramaturga, e seus tios, Antonietta Clotilde e Aristóteles Bezerra também professores, mantinham uma atuante vida literária, a exemplo de sua genitora. Sua mãe destacou-se como educadora na cidade trabalhando inicialmente no Externato Santa Clotilde (fundado por Francisca Clotilde), onde começou a lecionar aos 14 anos de idade e, em seguida, na Colônia de Pescadores de Aracati. Crescendo no seio de uma família católica identificou-se de imediato com a filosofia de Marcelino Champagnat, difundida na cidade, através dos Irmãos Maristas. Deixou transparecer o desejo de ser um Irmão Marista, mas o amor à família e à terra natal foi suficiente para por fim ao intento. Foi neste ambiente como aluno e, mais tarde, como primeiro professor leigo da referida Instituição que iniciou sua jornada de educador. Assume as primeiras turmas no dia 01 de março de 1959. Nesta Instituição chega a exercer diversas funções: professor, tesoureiro, secretário e conselheiro. Sua competência e ética profissional levam-no a receber convites de outros órgãos ligados à educação no município. De 1965 a 1972 trabalhou na Escola Técnica de Comércio como professor e, em alguns anos, como Diretor. No dia 03 de fevereiro de 1976, atendendo ao convite das Irmãs Salesianas, passou a integrar o quadro de professores do Instituto Waldemar Falcão, onde permaneceu até 1988. Ainda na década de 60 é aprovado no concurso do Banco do Brasil e vê-se diante de uma difícil escolha. Aceitar ao chamado do banco significaria uma vida financeiramente tranqüila e estável, mas também resultaria em deixar para trás sua querida mãe e irmãos, além de podar seus sonhos de educador. Surpreendendo a todos, uma vez mais a família e a escola prevaleceram. Em 1991 e 1992, a convite do então Prefeito Kleber Gondim, dirigiu o Colégio Municipal de Aracati onde, com uma equipe de profissionais experientes na área, criou um divisor de águas naquela Instituição. Porém, foi no ano de 1965 que o jovem Professor dá início aquela que foi a mais expressiva manifestação de amor e doação presente ao longo de sua vida terrena: O Externato Kennedy. Inspirado pela filosofia Marista, embasado no Evangelho de Jesus e apoiado na força da mãe, Angelita, decide direcionar o seu trabalho, de forma mais objetiva aos menos favorecidos, fundando, no dia 22 de fevereiro de 1965, uma pequena escola dedicada à educação de crianças carentes. Foi o maior desafio de sua vida e a sua principal vitória. Enfrentou, ao longo dos 40 anos em que esteve à frente do Externato, um destino permeado por grandes obstáculos e perseguições políticas, mas nunca se deixou abater, buscando na fé em Deus a força para seguir adiante. A carência material podia retardar seus propósitos, mas nunca impedir a conquista de seus ideais. Sua família e os incontáveis amigos prestavam-lhe solidariedade incondicional nos momentos de alegria ou de dificuldades. Nos últimos anos de vida física, já afastado das suas atividades em sala de aula, dedicava-se exclusivamente às crianças e jovens do Externato Kennedy. Em fevereiro de 2005 comemorou junto com professores e funcionários os 40 anos de fundação desta Instituição que entrou para a história da educação em Aracati. Era comum ver ex-alunos dirigirem-se à sua residência para agradecer pelos conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação como cidadão do mundo. Em abril de 2005 o coração do Professor Régis, começa a dar sinais de cansaço. Um infarto agudo o obriga a ir às pressas, e já inconsciente, para Fortaleza onde permaneceu na UTI do Hospital de Messejana por um período de 10 dias. Faleceu no dia 23 de abril de 2005, após mais uma parada cardíaca. Seus parentes devolvem-no à terra querida onde seu corpo foi sepultado, após as mais calorosas manifestações de afeto e gratidão do povo aracatiense.

Fonte: http://solardasclotildes.art.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=55:regis-bernardo-de-souza&catid=38:personagens

José Pereira da Graça


José Pereira da Graça, que mais tarde, pelo acervo imenso dos trabalhos valiosos que prestou à pátria, pela sua dedicação à causa do Direito, seria agraciado com o título honorífico de Barão do Aracati, nasceu a 14 de Março de 1812.
Fez os primeiros estudos na sua cidade natal, seguindo logo após para Coimbra a fim de obter os preparatórios. Com 22 anos de idade, em 1834, formou-se em Direito pela Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Olinda.
Formado, ingressou logo na magistratura, tendo exercido o juizado nas comarcas de Aracati, Icó e Quixeramobim.
Como político, foi deputado provincial em várias legislaturas. Também representou o nosso Estado, na Câmara Federal, por duas vezes, nos biénios de 184344 e 1850-52.
Caráter íntegro, merecedor da inteira confiança do Governo Imperial, foi 4 vezes Presidente do Maranhão. Neste Estado, onde gozava de real estima e consideração, desempenhou ainda os altos e preeminentes cargos de Desembargador da Relação, Presidente do Tribunal de Comércio e da Relação, por vários anos.
Distinguido, em 1876, com a escolha de sua pessoa para membro do Superior Tribunal, deixou o Maranhão e transferiu-se para o Rio, onde viveu os últimos anos de sua vida.
Foi galardoado pelo Governo Imperial com o título de Barão do Aracati pelos seus serviços prestados à magistratura e ao Estado.

Fonte: 
LIMA, Abelardo Costa. Terra Aracatiense. 2. ed. Fortaleza: Biblioteca de História do Ceará, 1979. 137 p.

João Paulo Barbosa



João Paulo Barbosa ( Cônego) — Filho do Capitão Domingos Paulo Barbosa, Cavaleiro da Ordem da Rosa, nascido em 1813 e falecido a 14 de setembro de 1887, e de Dª Francisca Carolina Barbosa, nasceu em Aracati a 26 de abril de 1846. Neto paterno de João Paulo Barbosa e de Dª Mathilde Gurgel, e materno de Domingos José Barbosa (irmão de João Paulo Barbosa) e de Dª Maria Isabel do Espirito Santo.
Os pais de João Paulo e Domingos José Barbosa foram Francisco Xavier Barbosa e Dª Lourença Maria Barbosa, os de Dª Mathilde Gurgel, José Gurgel do Amaral e Dª Cosma Nunes Nogueira, e os de Dª Maria Isabel Cláudio Pereira de Oliveira e Dª Francisca Maria do Espirito Santo.
Iniciou em 1854 seus estudos primários com os professores Coriguazi Saturnino Ferreira de Barcellos e João da Silva Muniz, em 1858 estudou o latim com o professor Porfírio Sérgio de Saboia, em 1860 matriculou-se no Liceu de Fortaleza e em 1864 no Seminário Diocesano onde, concluídos os preparatórios, fez o curso teológico e se ordenou a 30 de novembro de 1870.
Nomeado a 9 de janeiro de 1871 coadjutor da freguesia da Imperatriz, foi fixar residência (agosto) na povoação de S. Bento d'Amontada cuja Igreja iniciada em fins do século XVIII conseguiu concluir; mais tarde foi vigário da União (de 29 de janeiro de 1873 a 30 de setembro de 1879); com a criação da freguesia de S. Luiz de Fortaleza foi para ela despachado a 30 de outubro de 1879, tomou posse a 1 de novembro e nela se manteve até 6 de fevereiro de 1896. A atual igreja do Patrocínio é quase uma construção sua, e a própria capella-mor existente foi no seu tempo prolongada e alteada.
Ao deixar a União, cuja Igreja e cemitério reconstruiu, e onde fundou uma sociedade sob o nome de Associação Literária Uniense, seus ex-paroquianos fizeram-lhe significativa manifestação de apreço e gratidão como se poderá ver do Cearense n.° 101 de 17 de setembro de 1879.
Foi Inspetor Escolar da freguesia de União e da de S. Luiz de Fortaleza, deputado provincial na legislatura de 1878, diretor interino da Escola Normal por portaria de 31 de ulho de 1891 e efetivo por nomeação de 18 de fevereiro de 1892 de novo diretor interino a 2 de julho de 1897, professor interino de Latim no Liceu Cearense a 14 de fevereiro de 1898 e efetivo a 6 de julho de 1899.
Prestou relevantes serviços ao movimento libertador dos escravos sendo um dos diretores do Centro Abolicionista.
Em 1882 foi por S. Majestade o Imperador nomeado Cônego Honorário da Catedral de Fortaleza.
Com os Pes. Bruno de Figueredo e Belarmino José de Sousa foi o iniciador da Sociedade Beneficente União do Clero cuja 1ª reunião teve lugar a 30 de março de 1884 no Instituto Cearense de Humanidades e que constituída teve por seu 1º presidente o Revmo. Pe. Antonino de Alencar.
Na tribuna sagrada de Fortaleza produziu vários sermões sobressaindo entre eles a Oração fúnebre, que pronunciou nas exéquias do Arcebispo D. Luiz Antônio dos Santos.
Faleceu a 18 de dezembro de 1904 em Aracati.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 506-508.

João Francisco Sampaio



João Francisco Sampaio (Farmacêutico) — Nasceu em Aracati a 27 de maio de 1847, sendo seus pais João Francisco Sampaio e Dª Joana Marcolina Sampaio, formou-se em Farmácia na Faculdade do Rio de Janeiro a 4 de dezembro de 1868 e faleceu em Fortaleza a 1 de Fevereiro de 1870 vítima de uma lesão cardíaca.
Deputado  nos biênios de 78-79, 80-81, 86-87.
Pertenceu ao corpo docente do Liceu do Ceará, após concurso para o qual apresentou o trabalho:
—Fenícios e sua civilisação. Israelitas até o Cativeiro de Babilônia. Tese de concurso, Ceará, Typ. do Estado do Ceará, 1891, 8º de 150 pp.
Foi por algum tempo o farmacêutico do nosso Hospital de Misericórdia e ocupou o lugar de Diretor da Secretaria da Assembleia Provincial.
Redigiu em Fortaleza o Estado do Ceará, jornal político aparecido a 21 de julho de 1890 em substituição à Gazeta do Norte.
Outro administrador teve esse jornal e foi o Bel. Francisco Fernandes Vieira.
João Sampaio casou a 26 de março de 1870 com Dª Maria de Castro Sampaio, nascida a 19 de janeiro de 1850, filha de Luiz Francisco Sampaio e de Dª Maria Rosa de Viterbo Castro Sampaio. Era, portanto, concunhado do Comor. Antônio Teodorico da Costa, de Lourenço Francisco Sampaio, que casou com Dª Brasília de Castro, e de Gonçalo de Souza Albuquerque, que   casou com   Dª  Carminda de Castro.
De seu consórcio teve os seguintes filhos: Gustavo Sampaio; Dª Maria Sampaio, nascida a 16 de maio de 1872; Júlio Sampaio, nascido a 11 de maio de 1873 e falecido na Amazônia; Dª Laura Sampaio de Castro, nascida a 24 de maio de 1874 e casada com Arthur Dutra de Castro; Julieta Sampaio, nascida a 31 de agosto de 1875; João Sampaio, nascido a 2 de abril de 1877 e falecido também no Estado do Amazonas; Dª Alice Sampaio, nascida a 22 de julho de 1879 e João, nascido a 7 de junho de 1883 e falecido logo depois.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 481-482.

João Francisco Ramos Filho



João Francisco Ramos Filho (Pe.) — Nasceu em Aracati a 30 de setembro de 1846, sendo seus genitores João Francisco Ramos e Dª Maria Cândida da Graça Ramos. Estudou e ordenou-se no Seminário de Fortaleza em 1869.
Dedicou-se com amor à literatura e mormente à poesia lírica, e deixou esparsas nos jornais da Província, do Rio de Janeiro e Maranhão inúmeras produções reveladoras de seu grande talento, que muito prometia.
Foi redator do Sobralense, quando coadjutor na cidade de Sobral, e por sua conta correu por algum tempo (1870) a parte literária da Tribuna do Povo, de Aracati.
Foi Vigário das freguesias de Palma, no Ceará, e de Caxias e Codó, no Maranhão, onde faleceu em 1885.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 480.

João Francisco Pinheiro



João Francisco Pinheiro (Cônego) — Filho de João Francisco Pinheiro e de Dª Mariana Francisca Pinheiro, nasceu em Aracati a 27 de março de 1830.
Preparado em primeiras letras, e feito o seu curso de latim com o Pe. Antônio Francisco Sampaio, partiu para Pernambuco em 1845, a fim de ordenar-se no Seminário de Olinda, o que efetivamente conseguiu, recebendo a 17 de abril de 1853 ordem de Presbítero, que lhe foi conferida pelo Bispo D. João da Purificação Marques Perdigão. Teve as ordens menores a 13 de junho de 1851, de subdiácono a 14 do mesmo mês e ano e de diácono a 25 de abril de 1852.
Regressando a Aracati, onde chegou a 23 de junho de 1853, foi a 11 de maio de 1857 nomeado pelo vice-presidente da província, Coronel Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, para reger interinamente a cadeira primária do sexo masculino do Aracati, e a 5 de outubro de 1860 pelo presidente da província, Dr. Antônio Marcellino Nunes Gonçalves, para reger também interinamente a cadeira de latim da mesma cidade, por tempo de um ano, durante a licença concedida ao proprietário pela Assembleia Provincial.
Aposentado o professor, foi ele nomeado a 23 de novembro de 1864 pelo presidente Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira para o exercício efetivo da cadeira sendo aposentado a 22 de Junho de 1893 pelo presidente José Freire Bezerril Fontenele.
Capelão na Passagem de Pedras, durante muitos anos, prestou ali os melhores serviços à religião e à localidade, trabalhando e muito concorrendo para a reedificação, que conseguiu, da atual capela da povoação; e não se limitou a isso o seu empenho, pois, também eficazmente se interessou pela construção de um açude no Araré entre o Palhano, obtendo como deputado provincial a promulgação da Lei n.° 1130 de 21 de novembro de 1864 que, aliás, à falta de meios, não teve execução.
Eleito deputado provincial suplente para o biênio de 1858 e 1859, e mais tarde deputado efectivo em três biênios sucessivos de 1864 a 1869, deu cabal desempenho ao respectivo mandato.
Como presidente da Câmara Municipal de Aracati, de 7 de janeiro de 1855 a 7 de janeiro de 1869, muitos benefícios fez ao município e pelo que, conforme o declara a Carta Imperial de 19 de dezembro de 1866, foi nomeado Cavaleiro do Imperial Ordem da Rosa. Foram relevantes os serviços que prestou nos dias 16 a 23 de abril do dito ano, por ocasião da enchente do Rio Jaguaribe.
A construção do atual mercado público, iniciada em 1865, foi realizada e concluída pela Câmara Municipal por ele presidida.
Para obra tão despendiosa, as Leis Provinciais, nº 1148 de 7 de dezembro de 1864, e n.° 1178 de 12 de setembro de 1865, autorizaram o município a contrair o empréstimo de vinte quatro contos de réis, que logo foi realizado.
Foi Cônego da Catedral do Ceará por Carta Imperial de 13 de janeiro de 1883, dignidade confirmada a 4 de abril por Provisão do Vigário Capitular da Diocese, Monsenhor Hipolito Gomes Brasil.
Muito dedicado à conservação e aceio da capela do Bom Jesus do Bomfim, onde diariamente celebrava, além de outros melhoramentos, fez abrir em 1883 as duas arcadas da capela-mor, que ficou assim mais elegante e confortável.
Faleceu em Aracati a 30 de abril de 1899, sendo sepultado em catatumba do lado oriental do cemitério; mas posteriormente foram retirados dali os seus ossos para ficar depositados no mausoléu da família, no pequeno cemitério anexo à capella do Bomfim.
Era   sócio   correspondente   do   Instituto   Católico do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, desde 26 de julho de 1864, e irmão da Santa Casa de Caridade do Ceará desde 28 de outubro de 1861.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 478-480.

João Facundo de Castro Menezes



João Facundo de Castro Menezes — Foi a influência política mais legítima e real, que teve a Província do Ceará.
Nasceu em Aracati a 12 de Julho de 1787, sendo seus pais o Capitão-mor José de Castro Silva 2º, nascido em Aracati a 22 de junho de 1749 e falecido a 27 de janeiro de 1807, e Dª Joana Maria Bezerra, filha do Pernambucano Coronel Francisco Barbosa Bezerra de Menezes, nascida a 29 de maio de 1751 e falecida a 30 de maio de 1818.
Neto pelo lado paterno de José de Castro Silva 1º, nascido a 20 de setembro de 1709, natural da ilha de S. Miguel, e de Dª Ana Clara da Silva, natural de Itamaracá, (casados a 27 de maio de 1748 na fazenda do Araré, Passagem de Pedras, pelo Pe. Gonçalo Ferreira de Mello, sendo uma das testemunhas o Capitão-mor José Pimenta de Aguiar), e pelo materno do Coronel Francisco Barbosa Bezerra de Menezes e Dª Helena Nunes Barbosa, natural de S. Bernardo das Russas; bisneto pelo lado paterno de Manoel Dias da Ponte, nascido a 10 de agosto de 1679 e casado a 22 de abril de 1722 com Dª Maria Lopes, naturais um e outro da ilha de S. Miguel, freguesia do Apóstolo S. Pedro da Ribeira Seca, e de Antônio da Cruz Silva, natural da freguesia do Espírito Santo em Lisboa e de Dª Tereza Maria José, natural de Itamaracá (o assentamento do casamento diz de Russas); e bisneto pelo lado materno do Sargento-mor João de Souza Pereira, nascido a 14 de Outubro de 1714 e de sua mulher Dª Joanna Bezerra de Menezes e do Coronel Antônio Nunes Ferreira e Dª Catarina Barbosa; terceiro neto de Manoel Dias da Ponte e de sua mulher Dª Vitória da Ponte, nascida a 26 de novembro de 1651 e de Antônio Lopes e de sua mulher Dª Maria Dias; quarto neto de Francisco Dias da Ponte e de sua mulher Dª Ana Fernandes, naturais um e outro da freguesia do Senhor Bom Jesus, do Rabo do Peixe, e de Miguel da Rocha, nascido a 10 de outubro de 1618 e casado a 29 de janeiro de 1640 com Dª Bárbara Rodrigues, nascida a 12 de julho de 1609, naturais um e outro da freguesia do Apóstolo S. Pedro da Vila de Ribeira Grande; quinto neto de Manoel da Rocha, casado a 3 de dezembro de 1613 com Dª Ana da Ponte e de Manoel de Farias e Dª Maria Luiza Farias; sexto neto de Domingos da Rocha e de sua mulher Dª Maria Jacome, naturais da Vila Franca do Campo, e de Pedro Reis da Ponte e de sua mulher Dª Ana Gonçalves da Ponte.
Esses apontamentos me foram fornecidos em janeiro de 1884 pelo Revmo. Jacinto Pereira de Medeiros, dígno Vigário da freguesia da Ribeira Seca, Vila da Ribeira Grande.
O Capitão-mor José de Castro Silva 2º teve do seu casamento, celebrado a 22 de agosto de 1768 com Dª Joana Maria Bezerra, além de João Facundo dez filhos, sendo cinco homens e cinco mulheres.
Os primeiros anos de João Facundo, ocupados na vida do comércio em Aracati e depois em Fortaleza, para onde mudou-se em 1818, nada oferecem de notável, mas acontecendo envolver-se por muitos lustros nas lutas travadas na província por motivo de partido e de nacionalidade, sua passagem por elas deixou vestígios inapagaveis.
Quando de Pernambuco se estenderam ao Ceará as ideias da Confederação do Equador e a nova comarca do Crato hasteou em outubro de 1822 o estandarte da revolta,  foi Facundo metido em arbitrária e despótica prisão e deportado para uma fortaleza no Rio donde o fez sair um honroso mandado Imperial.
Esses vexames, de que também partilhou seu primo e conterrâneo Capitão-mor Barbosa, eram consequência lógica das ideias que comungavam em matéria de política, a família Castro opondo-se ao reconhecimento do governo de que se constituíram chefes Tristão Gonçalves d'Alencar Araripe, José Pereira Filgueiras e Pe. Gonçalo Ignacio d’Albuquerque Mororó.
Em data de 14 de abril de 1824, Barbosa assinou com seus companheiros do Senado da câmara, Marcelino de Brito, Manoel José Martins Ribeiro Júnior, Inácio Ferreira Gomes e José Antônio Machado um protesto contra os manejos de Tristão e conjurou-o a que se demitisse do posto, que ilegitimamente assumira e concluiu lançando-lhe sobre os ombros a responsabilidade de toda e qualquer desgraça, que em Fortaleza acontecesse por motivo de não aquiescência ao convite do Senado.
Em resposta a esse ofício, a Municipalidade recebeu obstinada e formal recusa assinada por Francisco Pinheiro Landim, José Pereira Filgueiras, Tristão Gonçalves d'Alencar Araripe e Miguel Antônio da Rocha Lima (secretário), recusa cuja minuta fora feita pelo Pe. Mororó.
Convencidos os Castros e seus amigos que os revoltosos não cederiam de seu propósito, nem reconheceriam o Tenente-coronel Pedro José da Costa Barros, presidente nomeado pelo Governo Central desde 25 de novembro de 1823, e que então já estava no porto promto a desembarcar da corveta “Gentil Americana”, reuniu-se de novo o Senado da Câmara a cuja sessão compareceu o comandante do batalhão de 1ª linha Sargento-mor José Narciso Xavier Torres e passou a instituir um governo provisório, cuja Presidência foi assumida pelo 2º vereador, pois o 1º, Joaquim Antunes de Oliveira, temendo comprometer-se, dera parte de doente.
Estando as coisas assim, Tristão, Landim e seus amigos retiraram-se apressadamente, mesmo sem cavalgaduras, para a vila de Arronches onde estabeleceram quartel general e donde peijaram a cidade de Fortaleza de suas proclamações e de tais meios se serviram, não sendo o de menor importância a divulgação da notícia de ter sido Filgueiras elevado ao posto de brigadeiro e feito Governador das Armas, que conseguiram a suspensão de Facundo do comando do Batalhão dos Nobres e a prisão de Barbosa.
Isto se passava no dia 15, quinta-feira santa, e nesse mesmo dia tinha lugar o desembarque de Costa Barros. Chegada no dia seguinte a nova do bloqueio do Recife e da crítica posição de Paes de Andrade, Tristão apressou-se em convidar Costa Barros a assumir a presidência da Província, o que se realisou a 17 com satisfação de todos os cearenses, que viram restituídos às suas famílias Facundo, Barbosa e companheiros.
Não tinha, porém, ainda soado a hora do extermínio completo da República do Equador no Ceará; rios de lágrimas deviam ainda derramar-se e sangue precioso tingir o solo da pátria, pois com a chegada de Pernambuco a 21 dos emissários Diogo Gomes Parente e Francisco Alves Pontes, que vinham trazer palavras de animação e assegurar a esperança de decisiva vitória, seguiu Filgueiras a 23 para o Aquirás, donde voltou a Messejana e desta última Vila (25 de abril) expediu ordem a Luiz Rodrigues Chaves, já então feito comandante do batalhão da capital, para que prendesse e remetesse para bordo da fragata inglesa “Jubile” João Facundo, Joaquim Barbosa, Marcelino de Brito, Manoel Martins, José Narciso Xavier Torres, Manoel Antônio Diniz, Francisco Xavier Torres, João da Silva Pedreira, Sargento-mór Jerônimo Delgado Esteves e o Tenente José de Abreu.
Postos na impossibilidade de lutar os inimigos mais salientes dos planos de Tristão, Filgueiras oficiou ao Presidente Costa Barros para demitir-se do lugar que ocupava e deu-lhe por substituto Tristão Gonçalves que entrou em exercício a 29.
No Rio de Janeiro, para onde foram desterrados sem forma alguma de processo, João Facundo e Joaquim Barbosa publicaram a 20 de julho de 1824 um manifesto-protesto, em que vem narradas com minuciosidade essas lutas de partido, e voltaram pouco depois para a província, que tanto carecia de seus desinteressados serviços e avisados conselhos.
O manifesto foi impresso na tipographia de Plancher, impressor de S. M. Imperial, rua do Ouvidor nº 203, 1824.
Abundando nas mesmas ideias do manifesto os dois cearenses dirigiram ao Imperador uma representação, em que narravam os sucessos ocorridos, sendo suas asserções apoiadas por valiosas certidões da Secretaria do Governo, extraídas por Manoel do Nascimento Castro e Silva.
Até aqui temos visto em Facundo o amigo dedicado às instituições monárquicas.
Mais adiante vamos encontrá-lo ao lado do presidente Belfort lutando com o governador das armas da província, Conrado de Niemeyer, o condecorado com a Ordem do Cruzeiro por pedir o aniquilamento da carta constitucional, e mais tarde ainda partilhando as ideias para cuja vitória Manoel do Nascimento e Vicente de Castro tanto concorreram com Evaristo e Vergueiro, Odorico Mendes e Limpo de Abreu, e cujo desfecho chamou-se o 7 de abril de 1831.
A 25 de novembro de 1837 com a retirada do Senador Martiniano de Alencar para o Rio, Facundo assumiu as rédeas do governo e administrou a província até a ascenção dos conservadores.
Era a 2ª vez que tomava sobre os ombros esse pesado e honroso encargo, pois substituirá na qualidade de 2º vice-presidente a seu mano, Capitão-mor José de Castro, a 7 de outubro de 1831.
Havendo-se retirado do poder o Pe. Diogo Antônio Feijó e com ele o partido liberal, Manoel do Nascimento, Vicente de Castro e mais amigos no Rio escreveram a Facundo para que apoiasse com seu prestigio a candidatura do Regente interino Pedro de Araújo Lima, depois Marquez de Olinda, e tanto mais instantes se faziam essas recomendações, quando surgiam pretenções por parte de Holanda Cavalcanti e não havia candidato liberal aquele posto.
Governava então a província, como delegado dos homens do 19 de setembro de 1837, Manoel Felizardo de Souza e Mello, cuja posse teve lugar a 16 de dezembro, mas apesar de adversário não recusava satisfazer às exigências do chefe liberal, cujos amigos continuavam a ocupar a maior parte das posições oficiais.
Alencar, porém, que não era o chefe real do partido na província, mas era aquele que mais sobresaía pela posição de Senador, não desejando concorrer para a grandeza de quem lavrara-lhe a demissão de Presidente ao verificar-se a queda do 1º Regente, conseguiu vencer a repugnância de Facundo em prol de uma candidatura qualquer que não fosse a do Regente interino e fazê-lo abraçar a do General Lima e Silva.
Era natural que Manoel Felizardo rompesse em luta desabrida contra aqueles que no começo de sua administração mostraram-se quase propensos a abraçar a candidatura do regente; mas o que causa surpreza é que o político por amor de quem e por cuja causa a palavra de Manoel do Nascimento e Vicente de Castro ficara mal vista dos homens do poder continuasse a privar com o Presidente e obter dele todas as concessões, emquanto os liberais estavam sob o guante de ferro da perseguição a mais violenta, quando os atos da administração conservadora mereciam por toda parte sérios reparos e até mesmo no recinto do Senado, onde, todavia, nunca se fez ouvir a esse respeito a voz do representante Cearense.
Contra o proceder desse Presidente, que levou seu espírito partidário ao ponto de conservar-se na administração da província oito dias depois da chegada de seu legítimo sucessor, foi que Facundo, então Presidente da Assembleia, endereçou em data de 12 de fevereiro de 1839 a conhecida mensagem, também subscrita pelos companheiros de representação residentes na capital, Capitão-mor Joaquim José Barbosa, Dr. José Lourenço de Castro e Silva, Desembargador João Paulo de Miranda, José Raimundo Pessoa, João Franklim de Lima, Ângelo José da Expectação Mendonça e José Joaquim da Silva Braga.
A Manoel Felizardo, que pedira demissão e fora removido para o Maranhão, sucedeu o Dr. João Antônio de Miranda, que desembarcou, a 8 e assumiu as rédeas do governo a 15 de fFevereiro de 1839.
Sua presidência assinalou-se tão somente pelo adiamento da Assembleia faltando apenas 12 dias para findar a sessão, e pela continuação da guerra feita aos políticos da parcialidade adversa, sendo uma nova face de perseguição por ele posta em prática o amordaçamento da imprensa, que lhe era desafeta.
Exonerado o Dr. João de Miranda, o governo imperial deu-lhe substituto na pessoa do Bel. Francisco de Souza Martins.
Pode dizer-se que a vida administrativa dessa autoridade entre nós quase limitou-se a lutas de eleição, em que soube sempre sofismar a vontade do eleitorado da província nos diversos pleitos por que ele teve de passar, mormente no que deu uma cadeira no Senado a Miguel Calmon du Pin e Almeida.
A exoneração, dada a Souza Martins e dada de modo acintoso, por quanto lhe era ordenado passasse imediatamente as rédeas do governo ao 1º vice-presidente, foi consequência obrigada do grande ato da Maioridade, realisado à 23 de julho e tão saudado do norte a sul do império.
Coube, portanto, a João Facundo a honra de ser o primeiro a governar o Ceará depois que D. Pedro II foi declarado maior.
Era mui justo. Nenhum cearense trabalhara mais do que ele para esse resultado. Se em casa de Alencar reuniam-se clubes como ao Regente declarou em 1837 o presidente Souza Martins, os passos de Facundo eram vigiados e até suas cartas interceptadas como as de perigoso e autorisado adversário.
Em correspondência travada com seu tio o barão de Parnaiba, dizia Souza Martins:
“Acresce ter sido a dias surpreendida outra carta de João Facundo de Castro Menezes, Inspetor d'Alfândega desta cidade e irmão do deputado Manoel do Nascimento, a qual depois de declarar o seu grande descontentamento da minha administração e do governo do regente, encerrava um bilhete escrito em cifras para não ser entendido e por ele parece coligir se a existência de uma sociedade, que tem por fim proclamar a Maioridade S. M. o Imperador.
“A vista disto compreenderá V. Exma. se é delicada e assustadora a minha posição sem forças nem armas na província. Eu tenho tudo participado para a Corte e algumas providências espero, mas virão elas?
Pode-las-a o governo dar? Conservo em segredo os meus sustos e receios”.
Havendo tomado posse a 9, Facundo expediu a 11 uma portaria adiando a Assembleia por assim convir ao bem da província, substituiu por amigos a alguns oficiais da Guarda Nacional, que além de outros motivos ofereciam o de não ter títulos legalizados e tratou de restabelecer em seus empregos e lugares a liberais de respeitáveis serviços ao país e aos quais a intolerância das três passadas administrações havia perseguido.
Compreende-se bem que esses atos de Facundo, filhos inteiramente das circiunstâncias em que a política o colocava, deviam trazer a explosão das iras de seus adversários, que chegavam a açular belicosamente os ânimos dos cidadãos pacíficos e em clubes e reuniões cotidianas buscavam implantar nas massas o gérmen da desobediência ao Ministério da Maioridade e ao seu delegado na província.
É publico e notório, e o demonstra por demais o ofício da câmara municipal de Baturité em sessão extraordinária de 2 de outubro de 1840, que Souza Martins em viagem para sua comarca animava em todos os pontos da província, por onde ia passando, o espirito de rebelião à nova ordem de coisas; não admira, portanto, que o governo provincial lançasse mão de meios de coerção e tratasse de se cercar de empregados e auxiliares de sua plena confiança.
Subia ao poder o partido liberal e os seus amigos tinham sido cuidadosamente excluídos dos empregos, que ocupavam, por Manoel Felizardo, que lavrou 156 demissões, e por seus dois sucessores, não admira que Facundo quizesse administrar a província sem o concurso dos que não lhe mereciam confiança e antes opunham sérios tropeços à sua administração.
A 20 de outubro de 1840 assumiu a presidência do Ceará o Senador José Martiniano de Alencar, nomeado por Carta Imperial de 10 de setembro.
Como era natural, os atos de seu sucessor mereceram-lhe inteira aprovação, e os conservadores, longe de se acalmar, foram de dia em dia mais se exaltando, e afinal concluíram por fazer manifestações hostis ao ilustre delegado do ministério da Maioridade.
A 2ª administração do novo presidente, pode-se quase dizer, foi ocupada em sufocar revoltas promovidas pela parcialidade, que abandonara o poder com a elevação de D. Pedro II, e encontrara em Alencar e Facundo valente paradeiro à sua influência.
Icó, Aracati, S. Bernardo e Sobral sobretudo foram os focos dessas loucas sedições, que os atos dos dois liberais tinham provocado e as quais emprestavam o concurso de decidido apoio alguns vultos como o Major Francisco Xavier Torres, Dr. Miguel Vieira e outros.
Subindo a 23 de março de 1841 o Gabinete Vilela Barbosa, Alencar foi exonerado, passando a Facundo a 6 de abril a administração.
Foi a última vez, que nesse cargo o político liberal prestou à pátria serviços eminentes.
Bala assassina desfechada às 7 1/2 horas da noite de 8 de dezembro libertou os conservadores de poderoso adversário e roubou aos liberais seu chefe prestimoso.
Era então presidente da Província o brigadeiro José Joaquim Coelho, depois Barão da Vitória, juiz de direito e chefe de policia da comarca da capital o Bacharel Miguel Fernandes Vieira e comandante da polícia Franklim do Amaral.
Procederam ao corpo de delito e exame cadavérico com assistência do juiz de paz Capitão-mor Barbosa e do escrivão Antônio Lopes Benevides o Cirurgião-mor da província Joaquim da Silva Santiago e o Cirurgião Francisco José de Mattos.
É este o auto de corpo de delito, a que mandou proceder o Juiz de paz do primeiro ano, Capitão-mor Joaquim José Barbosa:
“Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1841, aos nove dias do mês de dezembro do dito ano nesta cidade da Fortaleza, cabeça da Comarca e Província do Ceará Grande, em casa de morada do Major João Facundo de Castro e Menezes, onde foi vindo o Juiz de Paz do primeiro ano, Capitão-mor Joaquim José Barbosa comigo Escrivão de seu cargo ao diante nomeado, o Cirurgião-mor da Província do Ceará Grande Joaquim da Silva Santiago e o Cirurgião Francisco José de Mattos para efeito de se proceder a exame e corpo de delito no cadáver do dito Major João Facundo que havia sido assassinado à noite antecedente com três tiros e logo pelo dito Juiz de Paz foi deferido aos ditos peritos o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles a um depois de outro, encarregando-lhes que com boa e sã consciência examinassem o corpo do cadáver que estava presente e declarassem quantos ferimentos, nóduas e contusões tinha o dito cadáver em seu corpo, suas qualidades e situações e se delas provinha a morte. E recebido por ele, dito juramento assim o prometeram cumprir e guardar como lhes era encarregado, e logo na presença do dito Juiz e de mim Escrivão passaram os ditos peritos a examinar o corpo do dito cadáver e declararam ter este uma ferida longa sobre a parte lateral média e inferior do crânio do lado direito com fraturas ou grandes destruições nos ossos parietal, escamosa do temporal e coronal até a apófise todos do mesmo lado direito com extensão de duas polegadas de boca circularmente penetrando a cavidade do crânio em direção oblíqua para a base posterior e inferior do ocipital com perdimento e grande destruição de cérebro e grossos vasos; outro ferimento junto ao condilo esquerdo do ocipital, contendo uma polegada de extensão triangularmente sem fratura da sutura comboidia e destruição da porção cerebelar, cujo ferimento último denota ser havido dos corpos superiormente impelidos. Estes ferimentos foram feitos com arma de fogo e pelos estragos notados em entranhas; órgãos e vasos tão necessários à vida foram absolutamente mortais. E por esta forma houve o dito Juiz este auto de corpo de delito por terminado. Eu Escrivão dou minha fé por ser todo o conteúdo em verdade por ver e presenciar ditos ferimentos da cabeça do dito cadáver, e de tudo para constar mandou o dito Juiz de Paz fazer este auto em que assinou com os ditos peritos. Eu Antônio Lopes Benevides, Escrivão o escrevi.—Joaquim José Barbosa, Joaquim da Silva Santiago, Francisco José de Mattos”.
Possuo ainda a camisa que vestia Facundo ao ser assassinado.
Sobre o bárbaro crime são dignos de leitura os Discursos, que na presença de S. M. o imperador recitaram a 5 de janeiro de 1842 o Senador Alencar, o deputado Pe. Carlos de Alencar e o Dr. José Lourenço, presidente da Câmara de Fortaleza. Estão publicados no Motorista, do Rio de Janeiro (janeiro de 1842).
O illustre cearense, pode-se dizer, suicidara-se: como a César, não lhe faltaram avisos de que sua vida corria enormíssimo perigo, risco iminente; como a Pelegrino Rossi chegaram-lhe nefandas traições; mas tais eram os sentimentos que em sua alma se aninhavam que nunca se arreceou de ser vítima do bacamarte assassino por motivo político, por ódio partidário.
Disto temos prova em carta sua.
Um dia, era a festa do Espírito Santo, a família Castro reunia-se no Meireles em casa de Manoel Lourenço, residência hoje da família Silva Porto, e João Facundo para lá se dirige pelo caminho, que fica à direita do Palácio Episcopal; os assassinos emboscaram-se neste ponto, mas frustrou-se o plano tenebroso, porque a vítima voltara por caminho diferente, pela beira-mar; noutra ocasião achava-se ele em casa do seu parente Capitão-mor Barbosa, onde foi o Hotel das Quatro Nações, posteriormente consultório do cirurgião dentista Guilherme Sombra e atualmente é a casa Bordallo e Cia. Os assassinos, postados na então Praça Carolina bem em frente da atual Assembleia, retiram dentre feixes de capim as espingardas carregadas, fazem por vezes pontaria para as janelas do sobrado, que lhes fora designado, mas ainda desta feita frustra-se o assassinato por não ter havido ocasião propícia à   perpetração do  horrendo crime.
A 8, porém, do mês de dezembro tinha execução o tenaz e deliberado propósito e em hora infeliz realizavam-se as previsões e os temores dos amigos e dos parentes do infeliz cidadão.
Compreende-se o que acontecia então nas ruas da cidade, no seio da famílias em sobressalto. Por toda parte surgiam gritos de vingança, protestos de energia indescriptivel.
A polícia, essa não permittia que se fizessem ajuntamentos de mais de três pessoas e trazia à vista os membros mais conspícuos da família perseguida e seus mais dedicados amigos, e si em altas vozes os homens do governo prometiam prêmios a quem descobrisse os matadores, cerravam ouvidos aos nomes, que o clamor público apontava e mais tarde protegiam abertamente os mandantes do atroz delito, os que haviam armado o braço inconsciente de Chagas e de Abraão pela mesquinha soma de poucos patacões.
Decorridos tantos anos depois do triste sucesso, se pode hoje dizer sem rebuço os nomes dos criminosos. Foram eles: a mulher de José Joaquim Coelho mandante, Antônio Abraão e Chagas executores, Cel.  Agostinho e Joaquim Jacarandá intermediários. Aliás a Baronesa da Vitória nos últimos tempos de sua vida não mais escondia a parte importante, que tomara na tragédia.
Os mandatários do assassínio de Facundo, o preto Antônio Manoel Abraão, natural de Crateús, e o cabra Pedro José das Chagas, natural de Caxias, Maranhão, foram anos depois condenados a galés perpétuas pelo juri de Fortaleza; Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, o intermediário entre os assassinos e a mulher de José Joaquim Coelho, a mandante do crime, foi julgado três vezes, sendo absolvido na 1ª, condenado a galés perpétuas na 2ª e absolvido pelo voto de Minerva na 3ª.
Seus restos repousam na Igreja do Rosário, corredor à mão esquerda, junto ao túmulo de seu primo e amigo, Capitão-mor Barbosa, falecido de lesão cardíaca a 23 de outubro de 1847 em sua fazenda Tauape, mártir também da infrene perseguição dos satélites de Coelho; para aí foram trasladados a 9 de setembro de 1848, depois de pomposas exéquias em que tomou parte todo o partido liberal e em que foi orador sagrado o Revmo. Carlos Augusto Peixoto de Alencar.
No mesmo dia em vários pontos da província, e nomeadamente em Sobral, era sufragada a alma da vítima dos conservadores.
A rua mais bela da capital do Ceará, a antiga rua da Palma, aquela onde se acha situada a casa, que o viu cair ferido mortalmente, honra-se hoje com o nome do Major Facundo. A casa é aquela em que tem estabelecimento de ferragens a firma Viúva Vilar e Filhos.
Um ano e cinco meses depois do assassinato, a  19 de maio de 1843, voltava para casa pelo braço de Elesbão Bittencourt, filho do presidente Silva Bittencourt e acompanhada de todos os seus juízes a esposa de Facundo, Dª Florência de Andrade Bezerra a Castro, acusada de conspirações e metida em monstruoso processo. Os jurados, que por unanimidade absolveram a Dª Florência de Andrade foram Manoel Joaquim de Almeida, Manoel José Ladislau, Antônio Pereira Martins, Vicente Ferreira M. Pereira, Vicente da Costa dos Anjos, Valerio Raulino de Souza Uchôa, Constancio Dias Martins, Joaquim de Macedo Pimentel, José Gervásio de Amorim Garcia, João Pacheco Ferreira, Luiz V. da Costa Delgado Perdigão e Francisco Manoel Gafanhoto.
Dois meses e cinco dias antes, às 8 horas da manhã de 14 de março de 1843 havia largado do porto da Fortaleza o vapor “S. Sebastião”, comandante J. Maria Falcão, levando a seu bordo o brigadeiro Coelho.
Facundo foi comandante do batalhão dos Nobres de Fortaleza, e condecorado com o hábito de Cristo.
Dª Florência de Andrade B. e Castro nasceu em Paraiba a 21 de agosto de 1787, casou a 14 de maio de 1814 e faleceu a 11 de setembro de 1865 em Fortaleza.
Casara em primeiras núpcias aos 13 anos com Francisco José de Moraes e desse teve: Dª Francisca de Moraes, e Dª Lina Josefa de Vasconcelos, que nasceu a 23 de setembro de 1808 e casou a 23 de setembro de 1823 com Manoel José de Vasconcellos, sendo celebrante do ato o Pe. Antônio de Castro e Silva, e testemunhas Ignácio Ferreira Gomes, Joaquim Francisco de Paula e sua mulher Dª Bernarda Maria da Conceição e Dª Maria Ribeiro, mulher do Ajudante Lauriano Antônio Ribeiro.
O Major João Facundo e Dª Florência de Andrade deixaram a seguinte descendência: Antônio Facundo de Castro Menezes, nascido a 18 de novembro de 1816 e falecido no Pará a 1 de janeiro de 1878; Dª Maria Joana de Castro Barbosa, nascida a 8 de julho de 1818, casada com seu primo o Major Joaquim José Barbosa e falecida a 13 de junho de 1849; Dª Cândida Augusta de Castro Menezes, nascida a 15 de janeiro de 1824 e falecida a 3 de junho de 1864; Dr. Ernesto Facundo de Castro Menezes, nascido a 7 de novembro de 1828 e falecido a 13 de novembro de 1859; Camerino Facundo de C. Menezes, nascido a 21 de agosto de 1830 e falecido em 1908 em Belém do Pará.
O Ceará Ilustrado nº 3, ano 1º deu o retrato e a biografia do Major Facundo. De sua vida trataram largamente João Brígido na Refutação à biografia de Antônio Rodrigues Ferreira por Paulino Nogueira e Paulino Nogueira no seu substancioso trabalho Presidentes do Ceará (Vide Revista do Instituto do Ceará, vols. 19 e 20).
Além do Manifesto acima referido conheço de J. Facundo :
—Regulamento da Polícia Fiscal do Porto do Ceará a cargo da Alfândega, que foi aprovado pelo presidente Alencar a 22 de novembro de 1837 e pelo presidente do Tribunal do Tesouro Nacional a 17 de março de 1838.
Por esse Regulamento, que se compõe de 46 artigos, devia haver no Porto do Ceará quatro ancoradouros, o de Quarentena, o de Franquia, o de Descarga e o de Carga.

Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 460-474.